A nova pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (20) revelou que a desaprovação ao presidente Lula caiu para 51%, frente aos 53% registrados em julho. Ao mesmo tempo, a aprovação subiu para 46%, indicando uma leve recuperação na imagem do governo. Outros 3% não souberam ou não responderam. Os números foram apurados entre os dias 13 e 17 de agosto, em entrevistas presenciais com 2.004 pessoas em todo o país.
A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%. Além dos dados nacionais, o levantamento também mostrou variações significativas entre estados. Em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás, a desaprovação ao presidente continua maior que a aprovação. Já na Bahia e em Pernambuco, o cenário é o inverso, com vantagem para o governo.
O que dizem os analistas sobre Lula?
O analista político Anderson Nunes avaliou que, no curto prazo, a aproximação de Eduardo Bolsonaro com Donald Trump no contexto internacional que levou a taxação dos Estados Unidos à produtos brasileiros, acabou por favorecer a imagem de Lula. “O PT precisava de uma narrativa e Eduardo Bolsonaro entregou de bandeja a pauta do patriotismo. Para ajudar, Jair Bolsonaro saiu perdendo nessa história”, afirmou. Segundo ele, empresários, industriais e o agronegócio, afetados pelo tarifaço americano, criticaram o movimento. “Quem conseguir captar o “meio” leva as eleições de 2026“, destaca o analista.
Anderson Nunes destaca que quem conseguir captar esse eleitorado do meio tende a ter vantagem nas eleições de 2026. No entanto, ressalta que os impactos devem ser limitados no longo prazo. “Essa pauta tende a cansar e perder força com o tempo”, completou.
Já o analista de economia e política Miguel Daoud apontou que a pesquisa revela um ponto de inflexão importante na avaliação do presidente Lula. “Mostra que a popularidade melhora, mas também deixa claro que o tarifaço tem poder limitado. Ele pode ajudar no curto prazo, mas não garante continuidade desse movimento”, explicou.
Daoud acrescentou que os números evidenciam um desgaste maior da oposição neste momento, mas que isso pode ser revertido. “A pesquisa mostra uma inflexão na queda da popularidade do presidente. Não há um espaço muito grande para avançar e isso não significa que a questão eleitoral esteja definida”, disse.
Onde Lula avança e onde enfrenta resistência?
O detalhamento regional da pesquisa confirma que a base de apoio de Lula permanece sólida no Nordeste, especialmente na Bahia e em Pernambuco, onde a aprovação supera os 60%. Já em estados como São Paulo e Goiás, a rejeição continua elevada, com 65% e 66% de desaprovação, respectivamente. Esses dados reforçam o desafio do presidente em ampliar sua aceitação em regiões estratégicas para a eleição de 2026.
- São Paulo: 65% desaprovam, 34% aprovam
- Minas Gerais: 59% desaprovam, 40% aprovam
- Rio de Janeiro: 62% desaprovam, 37% aprovam
- Bahia: 39% desaprovam, 60% aprovam
- Paraná: 64% desaprovam, 34% aprovam
- Rio Grande do Sul: 62% desaprovam, 37% aprovam
- Pernambuco: 37% desaprovam, 62% aprovam
- Goiás: 66% desaprovam, 33% aprovam
Esses números ajudam a explicar a leitura dos especialistas de que a política nacional caminha para uma disputa centrada no eleitorado moderado. A rejeição elevada em estados populosos reforça a necessidade de estratégias de aproximação para além da base tradicional de apoio.
A popularidade de Lula pode crescer mais?
Embora a pesquisa indique melhora nos índices de aprovação, a avaliação dos analistas é de que não há espaço para grandes saltos. A combinação de fatores externos, como tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos, e internos, como a dificuldade em avançar em pautas econômicas estruturais, limita o potencial de crescimento da popularidade presidencial.
Nesse sentido, a pesquisa reforça um cenário de estabilidade relativa, em que Lula mantém sua base tradicional, mas encontra dificuldades em ampliar a aprovação em setores que permanecem críticos ao governo. Ao mesmo tempo, a oposição enfrenta um desgaste conjuntural que pode ser revertido até 2026, tornando o quadro ainda indefinido.
Para Anderson Nunes e Miguel Daoud, a leitura central é que o impacto da pesquisa deve ser interpretado mais como um sinal momentâneo do que como uma mudança estrutural no cenário político. O futuro, segundo eles, dependerá da capacidade do governo de transformar a narrativa favorável em políticas concretas que cheguem à população e de como a oposição conseguirá se reorganizar até as próximas eleições.