Os veículos elétricos (VEs) têm sido cada vez mais promovidos como uma alternativa ambientalmente amigável aos tradicionais carros a combustão. No entanto, um estudo recente da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) adiciona uma nova camada de complexidade à narrativa dos VEs, revelando um aspecto menos conhecido de sua operação: a poluição por partículas finas gerada em torno dos pontos de carga rápida de corrente contínua (CC).
A equipe de pesquisa da UCLA, liderada pelo professor Yifang Zhu, examinou 50 carregadores rápidos espalhados por Los Angeles, analisando a qualidade do ar nas proximidades dessas unidades. O que encontraram foi surpreendente: os níveis de partículas finas, especificamente as PM 2,5, eram substancialmente mais altos do que o esperado, atingindo picos de 200 microgramas por metro cúbico em certos momentos. Para se ter uma ideia, essa concentração é consideravelmente superior à média de 7 a 12 microgramas por metro cúbico medida em áreas urbanas normais, como ruas e postos de gasolina.
Por que os ventiladores dos carregadores são um problema?
Os ventiladores de resfriamento presentes nesses carregadores não são meramente acessórios, mas, paradoxalmente, fontes de poluição. Eles levantam poeira do solo e partículas minúsculas resultantes do desgaste de pneus e freios. Isso acontece porque o ar movimentado por esses ventiladores contém resíduos que podem ser ingeridos por pessoas próximas, possivelmente exacerbando prejuízos à saúde.
Quais são os riscos para a saúde humana?
Especialistas como Michael Jerrett, também da UCLA, destacam os perigos associados à inalação dessas partículas finas. Por seu diminuto tamanho, essas partículas conseguem penetrar profundamente nos pulmões e até atingir a corrente sanguínea, elevando o risco de doenças cardiovasculares e respiratórias. É crucial considerar essas evidências na formulação de políticas públicas e na conscientização dos usuários de VEs, especialmente aqueles com condições de saúde preexistentes.
Como se proteger da poluição em estações de recarga?

Para mitigar a exposição a essas partículas, os pesquisadores sugerem soluções práticas. Uma recomendação é manter uma distância segura do ponto de carregamento enquanto o veículo é carregado. Outra medida defensiva é o uso de máscaras com filtro específico para PM 2,5, quando a proximidade for inevitável. Isso é particularmente relevante em áreas onde múltiplos veículos podem estar carregando simultaneamente, aumentando a concentração de partículas no ar.
O impacto ambiental dos veículos elétricos realmente compensa?
Ainda que essa nova descoberta apresente desafios, os veículos elétricos continuam sendo uma parte vital da estratégia global para reduzir as emissões de carbono. Comparados aos veículos movidos a combustíveis fósseis, os VEs são, de modo geral, menos poluentes. Entretanto, esse estudo ressalta a importância de avançar na inovação tecnológica, buscando minimizar todos os tipos de emissões associadas aos carros elétricos, incluindo aquelas menos óbvias que ocorrem fora do escapamento.
Portanto, enquanto os VEs oferecem um caminho viável para diminuir a poluição atmosférica direta, é essencial continuar investigando e solucionando os desafios secundários que acompanham a transição para uma matriz de transporte mais limpa. Isso garantirá que as soluções propostas para combater a crise climática sejam abrangentes e eficazes em todos os aspectos.