Vamos direto ao ponto: quem diz que vai votar no presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou em um candidato da direita – quem quer que seja – não irá mudar de ideia daqui para frente. A polarização política está em alta e nada indica que a temperatura política do país vá diminuir até o segundo turno das eleições.
Por isso, há apenas dois grupos que importam daqui para frente: os eleitores de centro, que têm um comportamento pendular entre direita e esquerda, e aqueles que deixam de escolher um candidato na etapa final do pleito (anulando/embranquecendo seu voto ou simplesmente não comparecendo às seções eleitorais).
Os estrategistas precisam entender o que faz os eleitores não comparecerem à votação – e compreender melhor como funciona a cabeça dos eleitores de centro, que podem transitar entre candidatos conservadores e petistas com grande desenvoltura. Daqui para a frente, é a combinação destes dois fatores que será crucial para o resultado de 2026.
Entre os ausentes ou os que protestam jogando fora o sufrágio, o desconforto é claro: nenhum nome presente no segundo turno fez esse eleitor apertar um número válido no painel da urna eletrônica. Portanto, estamos falando de pessoas que só vão votar mesmo se pelo menos um dos finalistas não refletir o cenário polarizado no qual vivemos. Trata-se de uma missão quase impossível para os marqueteiros políticos, pois estamos falando de uma forma radical de protesto: não escolher ninguém. Quantos eleitores fizeram isso? Quase um quarto do eleitorado total de 2022.
Mas entre aqueles que são de centro e que vão até às seções eleitorais, há três grupos que precisam ser trabalhados pelos estrategistas. Como se sabe, a última eleição presidencial foi decidida por uma vantagem de 1,8%. Dessa forma, qualquer esforço para virar votos ou fazer eleitores descrentes comparecerem às urnas pode ser valiosíssimo.
No centro, há três categorias de eleitores – e cada uma delas precisa ser tratada de uma forma diferente.
O primeiro grupo é formado por aqueles que de fato ficam entre a esquerda e direita nas eleições. São capitalistas com sensibilidade social e um tanto desencantados com os políticos; não enxergam muita diferença entre votar na direita ou na esquerda e ficam transitando entre os dois extremos eleição após eleição.
Temos também aqueles que rejeitam tanto o presidente Lula como o ex-presidente Jair Bolsonaro. Esses eleitores são os últimos a tomarem uma decisão e escolhem o “menos pior”.
Por fim, temos um conjunto de eleitores racionais e neutros. Esse grupo costuma rejeitar discursos extremistas e busca moderação, tanto no estilo quanto nas propostas. São mais sensíveis a gafes, escândalos e posturas agressivas — e muitos deles levam em consideração conteúdos de redes sociais para decidir. A imagem de “gestor eficiente” ou “conciliador” costuma atrair esse eleitorado.
Este universo é quem decidirá o novo presidente do Brasil. Os votos de direita e de esquerda já estão garantidos para seus respectivos candidatos. É hora de os responsáveis pelo marketing político dos partidos entenderem melhor o que se passa pela cabeça destes eleitores, sempre lembrando que o voto de centro é fortemente influenciado por ambientes sociais, como família, trabalho e redes digitais. A próxima eleição vai exigir uma reciclagem total dos candidatos, pois o discurso ideológico talvez não tenha muitos efeitos práticos. Jogar para a torcida, neste cenário, será uma opção arriscada e perigosa, já que os catequisados não precisam ser convertidos.