As companhias brasileiras estão revisando seus modelos de remuneração de longo prazo para atrair e reter executivos, evitando prazos excessivamente longos e critérios de desempenho difíceis de alcançar. A constatação faz parte da 6ª Edição da Pesquisa Avançada de Incentivos de Longo Prazo (ILPs), realizada pela consultoria SG Comp Partners, que ouviu mais de 120 empresas em todo o país.
O levantamento mostra que, diante de um ambiente de incertezas econômicas, há uma busca por planos que funcionem efetivamente como ferramenta de retenção, oferecendo condições mais realistas e flexíveis para os beneficiários.
Quais formatos ganham espaço nas empresas?
Entre os modelos mais adotados, as ações restritas aparecem como prioridade para 32% das empresas em 2024. Nesse formato, o executivo recebe ações sem custo, mas com um período ou condições de carência para a posse plena. Por não depender diretamente de metas muito rígidas, a modalidade oferece menor risco ao beneficiário.
Outra tendência em alta são as stock options, que se fortaleceram após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em setembro de 2024, reconhecendo a natureza mercantil dessas operações quando envolvem risco e onerosidade. Esse entendimento abriu espaço para vantagens tributárias relevantes em relação às ações restritas.
Stock options: benefício tributário impulsiona adoção
Segundo Paulo Saliby, CEO e sócio-fundador da SG Comp Partners, “o beneficiário não recebe as ações diretamente, mas sim o direito, e não a obrigação, de comprar papéis da companhia por um preço predeterminado após um período de carência, conhecido como vesting. É uma abordagem que gera alinhamento entre executivos e acionistas, pois ambos buscam a valorização da empresa”.
O atrativo tributário está no fato de que, enquanto as ações restritas sofrem incidência de encargos trabalhistas e previdenciários, as stock options, quando atendem aos critérios legais, não geram esses custos para as empresas. Para o executivo, o ganho é tributado como ganho de capital, com alíquota inferior à da tabela progressiva do imposto de renda.
Movimento de migração e cuidados necessários
Em 2025, a consultoria tem observado um aumento significativo na migração parcial ou total para planos de stock options. Contudo, Saliby alerta que é essencial definir prazos e condições realistas, além de mecanismos de flexibilidade, já que o risco para o beneficiário é maior do que no caso das ações restritas, por depender da valorização da companhia.
A combinação entre segurança jurídica, vantagens fiscais e desenho estratégico dos planos deve continuar moldando as políticas de remuneração no Brasil, especialmente no alto escalão das empresas. A pesquisa é anual e a próxima edição já começou a ser realizada. Para mais detalhes, acesse aqui.
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