O Banco do Brasil (BB) registrou no segundo trimestre de 2025 um lucro líquido ajustado de R$ 3,784 bilhões, recuo de 60,2% em relação ao mesmo período de 2024 e 48% abaixo do resultado do primeiro trimestre. O lucro contábil somou R$ 3,035 bilhões, queda de 66,1% na base anual. Segundo a instituição, o desempenho foi impactado por pressões na margem financeira e pelo aumento nas provisões para perdas com crédito, em um cenário econômico mais desafiador.
A margem financeira bruta atingiu R$ 25,061 bilhões, queda de 1,9% frente ao segundo trimestre de 2024. O banco também revisou para baixo sua projeção de lucro anual, agora estimado entre R$ 21 bilhões e R$ 25 bilhões, contra os R$ 37,9 bilhões registrados em 2024. O guidance para crescimento da carteira de crédito também foi reduzido de uma faixa de 5,5% a 9,5% para 3,6%.
O que explica a queda nos resultados de BB?
Para o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, os principais fatores para o desempenho fraco foram o aumento no custo de crédito e os efeitos da nova norma contábil. O custo de crédito do BB subiu para R$ 15,9 bilhões, alta de 56% no trimestre, impactado principalmente pela deterioração no segmento agro. A inadimplência total passou de 3,86% no 1T25 para 4,21%, ainda dentro de um patamar considerado administrável, segundo o analista.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) caiu para 8,4%, após ter se mantido em níveis próximos aos do Itaú no ano anterior, quando superava 16%. “Essa reversão tende a ser penalizada pelo mercado”, afirmou Cruz. Apesar disso, ele destaca que a margem financeira bruta permaneceu estável e a receita de crédito cresceu, compensando parcialmente as despesas financeiras.
Visão dos analistas sobre os números
O analista CNPI da Suno Research, Evandro Medeiros, afirmou que o Banco do Brasil apresentou “números bastante fracos, aquém das expectativas em lucratividade”. Ele ressaltou que, embora a margem financeira com clientes tenha tido bom desempenho, a margem com o mercado foi penalizada, como ocorreu com outros grandes bancos. O volume de provisões de R$ 15,9 bilhões superou em mais de 100% o montante provisionado no 2T24, mas não foi suficiente para elevar o índice de cobertura.
Segundo Medeiros, a carteira de crédito expandida cresceu 1,3% no trimestre, puxada por pessoa jurídica e física, enquanto o agro recuou 0,3%. O custo de captação do BB se manteve competitivo, mas as despesas de pessoal subiram acima da inflação, contribuindo para piora no índice de eficiência.
Perspectivas e dividendos de BB decepcionam mercado
Mesmo com a revisão para baixo nas projeções, Gustavo Cruz estima que o BB possa distribuir entre R$ 4,5 bilhões e R$ 5,1 bilhões em dividendos no segundo semestre, o que representaria um dividendo por ação entre R$ 1,58 e R$ 1,78. Considerando o preço da ação em R$ 22, o dividend yield total projetado para o ano ficaria entre 9,7% e 10,6%, incluindo os R$ 0,57 já pagos no primeiro semestre.
Já Evandro Medeiros adota uma visão mais cautelosa, prevendo dividendos mais modestos. Assumindo lucro de R$ 20,4 bilhões e payout de 30%, o yield ficaria em torno de 5,4%, abaixo do observado nos últimos três anos. Ele avalia que a forte queda no lucro e a expectativa de rentabilidade menor tendem a pesar sobre a percepção do mercado em 2025.
Resumo dos principais números de BB
- Lucro líquido ajustado: R$ 3,784 bilhões (–60,2% ano a ano)
- Lucro contábil: R$ 3,035 bilhões (–66,1% ano a ano)
- Margem financeira bruta: R$ 25,061 bilhões (–1,9% ano a ano)
- Custo de crédito: R$ 15,9 bilhões (+56% no trimestre)
- ROE: 8,4% (queda ante 16,7% em 2024)
O cenário para o Banco do Brasil segue desafiador, com margens pressionadas, provisões elevadas e menor ritmo de crescimento da carteira. Por outro lado, a solidez de capital e a diversificação de receitas permanecem como pontos de sustentação para a instituição no médio prazo.