A educação financeira no Brasil tem avançado nos últimos anos, impulsionada pela atuação de influenciadores, pelo acesso a mais informações e por iniciativas institucionais. Durante participação no programa Papo de Dinheiro, Amanda Brum, CMO da ANBIMA, destacou que investir não é uma decisão instantânea e exige conhecimento, análise e adequação ao perfil de cada pessoa. Nesse sentido, o papel da educação financeira é preparar o investidor para avaliar produtos, compreender riscos e tomar decisões mais conscientes.
Segundo Amanda, embora o número de brasileiros que investem ainda seja pequeno em relação à população total, há uma evolução no perfil do investidor. O acesso a informações e a popularização do tema têm contribuído para que mais pessoas conheçam diferentes produtos e compreendam que investir é um processo de longo prazo, que demanda disciplina e planejamento.
Por que a educação financeira é tão relevante para o investidor?
Para Amanda Brum, a educação financeira é fundamental para garantir que cada pessoa assuma o protagonismo da própria vida financeira. “Sem conhecimento básico, fica difícil avaliar se uma recomendação faz sentido para você. O dinheiro é seu, e a decisão final também deve ser sua”, afirma. Ela compara o processo ao aprendizado de noções básicas de saúde: assim como é importante entender conceitos para dialogar com um médico, é essencial conhecer termos e práticas para conversar com profissionais de investimentos.
O desafio, segundo a executiva, é que muitas pessoas não buscam educação financeira diretamente, mas sim informações sobre como ganhar mais dinheiro ou investir em produtos específicos. Nesse caminho, acabam entrando em contato com conceitos e práticas que fortalecem sua base de conhecimento.
O impacto das redes sociais na educação financeira
Nos últimos cinco anos, o número de influenciadores que falam sobre investimentos e finanças no Brasil cresceu de 266 para 741 perfis monitorados pela ANBIMA. O público também aumentou: de 70 milhões de seguidores em 2020 para 263 milhões em 2025, considerando a soma das plataformas. Essa expansão demonstra que há um interesse crescente por conteúdos sobre o tema, seja em formatos mais generalistas ou especializados.
Os influenciadores ocuparam um espaço antes carente de comunicação clara e acessível. “Eles traduzem conceitos complexos para uma linguagem simples, aproximando o investidor do mercado financeiro”, explica Amanda. No entanto, ela alerta para a necessidade de seguir regras e melhores práticas, evitando conflitos de interesse e garantindo transparência nas recomendações.
Como identificar informações seguras sobre investimentos?
A ANBIMA orienta que os investidores observem alguns critérios ao consumir conteúdos sobre investimentos nas redes sociais:
- Verificar se o influenciador possui certificação ou capacitação para falar sobre o assunto.
- Observar se há transparência quanto a patrocínios ou vínculos com empresas.
- Desconfiar de promessas de retornos rápidos e garantidos.
- Comparar informações de diferentes fontes antes de tomar decisões.
Além disso, Amanda ressalta a importância de manter um senso crítico e questionar qualquer recomendação que fuja ao perfil e aos objetivos do investidor.
Educação financeira para além das redes sociais
Embora as redes sociais sejam um canal relevante, a ANBIMA também investe em programas de educação financeira presenciais e online. Um exemplo é o projeto realizado em parceria com o Banco Central, o Sebrae e a CVM para levar conceitos de finanças pessoais a escolas de ensino médio em todo o país. A ideia é criar uma base sólida de conhecimento desde a juventude, incentivando hábitos como controle de orçamento e formação de reserva de emergência.
Amanda destaca que a segurança financeira é um dos principais motivadores para investir. Esse fator é percebido tanto nas classes mais altas quanto nas mais baixas, quebrando o mito de que investir é algo restrito a quem tem alta renda. “A cultura de investimento não está ligada apenas ao quanto se ganha, mas à forma como se lida com o dinheiro”, afirma.
Perspectivas para o futuro da educação financeira no Brasil
Para a executiva, há muito espaço para crescimento. O número de brasileiros que investem ainda é reduzido, mas a tendência é de expansão, especialmente entre as gerações mais jovens, mais abertas a riscos e dispostas a buscar diversificação. “Eu sou otimista. Acredito que teremos cada vez mais pessoas educadas financeiramente, o que beneficia toda a sociedade”, conclui.
Com a combinação de iniciativas institucionais, atuação responsável de influenciadores e interesse crescente da população, a educação financeira no Brasil avança para se consolidar como um pilar essencial na construção de segurança e independência econômica.