No programa Money Report, Ricardo Basaglia, CEO da Michael Page, Fernando Weber, CEO da Weber Cidades Inteligentes, e Paul Malicki, CEO da Flapper, compartilharam lições valiosas que atravessam diferentes áreas de atuação. Do recrutamento à aviação executiva, passando pelo desenvolvimento de cidades inteligentes, os três executivos mostraram como comportamento, cultura corporativa e estratégia caminham juntos no sucesso empresarial.
Segundo Basaglia, uma pesquisa da Michael Page aponta que 91% dos profissionais são contratados por habilidades técnicas e demitidos por questões comportamentais. Ele reforça que a arrogância, especialmente a “interna”, quando se acredita que não há mais nada a aprender, é um risco silencioso para qualquer carreira e uma das lições mais importantes que executivos precisam absorver.
Quais lições a arrogância pode ensinar a líderes?
Basaglia distingue a arrogância externa, mais visível, da arrogância interna, mais difícil de identificar e perigosa. Ele lembra que, mesmo em altos níveis de liderança, é fundamental fazer uma “checagem de sanidade” periódica para detectar comportamentos que impeçam o aprendizado contínuo.
Fernando Weber reconhece que, no início de sua trajetória, sofreu com o que chama de “arrogância financeira”, a pressa em implementar projetos sem respeitar o tempo e a cultura de cada comunidade. Com o amadurecimento, aprendeu que ouvir e adaptar-se à realidade local é essencial para gerar resultados sólidos e duradouros.
Lições sobre adequar equipes ao momento do negócio
Paul Malicki, da Flapper, destacou que um erro recorrente em empresas de rápido crescimento é demorar para ajustar o time à nova fase do negócio. Sua decisão de contratar profissionais de fora da aviação executiva permitiu redefinir padrões de atendimento e introduzir modelos inovadores, como a propriedade compartilhada de aeronaves.
Essa escolha estratégica resultou em um índice de satisfação elevado, 4,9 no Trust Pilot, e reforçou uma lição-chave: inovação vem de diversificar perspectivas, mesmo em setores altamente especializados.
Lições para construir uma cultura corporativa sólida
Basaglia resume a construção de cultura nos “quatro momentos da verdade” que moldam o ambiente interno:
- Contratar — definir o que a empresa valoriza em um profissional;
- Dar feedback — reconhecer acertos e corrigir desvios;
- Promover — reforçar comportamentos que devem se expandir;
- Demitir — estabelecer claramente os limites de conduta.
Ele ressalta que performance deve ser medida pelo impacto líquido, considerando tanto resultados quanto efeitos no clima organizacional, evitando perfis que entregam números mas prejudicam o ambiente.
Lições sobre equilibrar inovação e contexto
Weber enfatiza que desenvolver bairros e cidades inteligentes vai além da infraestrutura. A verdadeira transformação ocorre quando se cria um ecossistema econômico e social que respeita a identidade local. Essa lição se traduz na criação de negócios comunitários e na formação de líderes empreendedores que permaneçam no projeto por longo prazo.
Malicki acrescenta que, na aviação executiva, cultura e inovação devem caminhar juntas: processos baseados em dados garantem segurança, enquanto flexibilidade e criatividade permitem atender clientes de altíssimo padrão com expectativas complexas.
Lições finais para o mercado
A conversa revelou princípios comuns que empresas de qualquer setor podem adotar:
- Valorizar habilidades comportamentais tanto quanto técnicas;
- Manter humildade para aprender em qualquer fase da carreira;
- Ajustar equipes conforme o estágio e as demandas do negócio;
- Construir cultura com coerência entre discurso e prática;
- Respeitar o contexto cultural e econômico de cada projeto.
No fim, as lições deixadas por Basaglia, Weber e Malicki mostram que liderança eficaz, inovação sustentável e cultura forte são pilares interdependentes, capazes de impulsionar resultados e garantir relevância no longo prazo.