A democracia brasileira enfrenta um momento de extrema fragilidade, em meio a uma crise institucional que se aprofunda com a falta de harmonia entre os Três Poderes. Executivo, Legislativo e Judiciário operam de maneira desarticulada, sem a coesão necessária para garantir decisões eficazes e respostas ágeis aos desafios nacionais. Especialistas alertam que, sem uma ação coordenada e urgente, o país corre o risco de sofrer danos irreversíveis à sua governança democrática.
Segundo Guto Ferreira, sócio da Brain Cenários Políticos e Econômicos, a situação institucional do Brasil é alarmante. “A crise entre os Poderes não é uma novidade, mas ela se intensifica à medida que o Executivo, de um lado, amplia a máquina pública sem controle, enquanto o Judiciário assume funções que não lhe competem“, afirma. Ele observa ainda que o Legislativo atua com foco em interesses próprios, ignorando as urgências da população.

Crise institucional trava economia
Ferreira também critica a manutenção de estruturas públicas que considera ultrapassadas. “Manter empresas como os Correios e a EBC é um erro estratégico. Elas consomem recursos sem contribuir para o desenvolvimento do país. Isso demonstra a resistência do Estado brasileiro em adotar práticas modernas de governança“, afirma o especialista.
Nesse cenário, decisões importantes ficam paralisadas, aprofundando a instabilidade política e econômica. A ausência de liderança pragmática e a priorização de disputas ideológicas agravam a crise institucional, colocando em risco o funcionamento das instituições democráticas.
É possível uma saída da crise institucional responsável?
Para Guto Ferreira, a resposta está longe de ser encontrada apenas na retórica política. “A solução não está na polarização entre direita e esquerda, mas na construção de um pacto nacional por modernização e inovação“, defende. Segundo ele, o país precisa de uma liderança que compreenda a nova economia e que promova autonomia socioeconômica aos mais vulneráveis.
Ele alerta que é urgente abandonar o ciclo vicioso de promessas e acordos políticos que não se concretizam. “O Brasil precisa de alguém que tenha coragem para agir de forma pragmática, com foco em resultados concretos. Só assim poderemos evitar um colapso institucional“, diz.
- Reforma administrativa com foco em eficiência do setor público;
- Modernização dos programas sociais com foco em resultados e autonomia;
- Estímulo à inovação e à educação profissionalizante;
- Diálogo institucional com responsabilidade fiscal e transparência.
Além disso, ele ressalta a importância de um posicionamento pedagógico por parte das instituições. “O momento exige paciência, diálogo e clareza na condução do país. As instituições devem agir com responsabilidade, evitando exacerbações ou decisões precipitadas que alimentem ainda mais o desgaste institucional“, conclui.
Brasil ainda pode evitar o colapso institucional?
A resposta, para muitos analistas, é sim, mas o tempo é curto. A crise institucional em curso não será resolvida com discursos ou manobras políticas, mas com ações concretas que restabeleçam o equilíbrio entre os Poderes e reconectem a classe política com a sociedade civil. A manutenção do atual cenário de desgoverno, desarticulação e falta de responsabilidade conjunta pode custar caro ao país.
Para Guto Ferreira, “este é o último chamado para que o Brasil recupere sua estabilidade política e econômica, com a urgência que o momento exige”. A democracia ainda pode ser preservada, desde que a ação seja imediata, coordenada e voltada ao interesse público real.