A Petrobras se prepara para divulgar os resultados financeiros do segundo trimestre de 2025, em um momento de mudanças relevantes no cenário global de energia. O desempenho da companhia será acompanhado de perto por analistas e investidores, principalmente diante da recente queda no preço do petróleo e da expectativa sobre a política de dividendos.
Segundo estimativas a estatal deve registrar um lucro líquido de R$ 20,1 bilhões no período, com receita líquida projetada em R$ 116,5 bilhões e Ebitda de R$ 58,1 bilhões. Os números serão divulgados após o fechamento do mercado e servirão como termômetro da performance operacional e financeira da Petrobras frente às condições externas.
Como a variação do preço do petróleo pode afetar os resultados da Petrobras?
Durante o segundo trimestre, a cotação média do Brent ficou em US$ 67 por barril, recuo de aproximadamente 12% em relação ao trimestre anterior. Essa queda tem origem, em parte, nas novas tarifas de importação aplicadas pelos Estados Unidos em abril, o que impactou a dinâmica do mercado internacional de petróleo.
Apesar disso, o ambiente doméstico se manteve relativamente estável. Os preços da gasolina e do diesel no Brasil não acompanharam a mesma queda do Brent, o que favoreceu os spreads de crack, margens positivas entre o preço dos derivados e o custo do petróleo bruto.
O que esperar dos dividendos da Petrobras neste trimestre?
Um dos temas centrais da divulgação será a política de dividendos. As projeções indicam que a Petrobras poderá distribuir cerca de US$ 2,2 bilhões aos acionistas, com dividendo por ação estimado em R$ 1,48. Caso confirmado, o retorno projetado será de aproximadamente 3% sobre o valor dos papéis.
Além disso, o fluxo de caixa livre ao acionista (FCFE) estimado em US$ 2,6 bilhões pode reforçar a visão de uma gestão financeira voltada à geração de valor. Diversas casas de análise, como o Itaú BBA, mantêm uma perspectiva positiva sobre os dividendos obrigatórios e eventuais adicionais, a depender da estratégia adotada pela empresa.
Na avaliação de Marco Saravalle, CIO da MSX, os números esperados para a Petrobras no segundo trimestre devem ser bem recebidos pelo mercado, com destaque para a geração de caixa. “Mais do que o lucro líquido, o que o investidor vai observar é o fluxo de caixa e a evolução do EBITDA, principalmente em reais“, afirmou. Saravalle destacou que, mesmo com os preços do petróleo mais baixos, a produção da companhia surpreendeu positivamente, o que pode manter o EBITDA em patamares semelhantes ao do ano passado, cerca de R$ 60 bilhões. “O foco deve estar nas margens operacionais, na eficiência da produção e no comportamento do caixa, fatores que indicam uma boa performance da empresa no trimestre“, completou.
Quais são os principais desafios e estratégias futuras para a Petrobras?
O mercado também aguarda informações sobre os efeitos do novo contexto global, marcado por eventos como o “Liberation Day” nos EUA, que trouxe maior protecionismo comercial e impacto na cadeia global de commodities. Essa mudança de cenário reforça a necessidade de uma atuação estratégica da Petrobras no curto e médio prazos.
Entre os pontos de interesse, estão a disciplina nos investimentos em capital fixo (CAPEX), a taxa de utilização das refinarias e eventuais ajustes no plano de negócios da empresa. A busca por eficiência operacional, aliada à adaptação à transição energética, tende a ser uma das prioridades mencionadas nos comentários da administração.
- Lucro líquido estimado: R$ 20,1 bilhões
- Receita líquida estimada: R$ 116,5 bilhões
- Ebitda: R$ 58,15 bilhões
- Dividendo por ação projetado: R$ 1,48
- Produção esperada: 2,3 milhões de barris por dia
Qual é a leitura do mercado sobre os resultados da Petrobras?
De maneira geral, as expectativas para os resultados da Petrobras no segundo trimestre são positivas, ainda que o ambiente global siga desafiador. A consistência operacional, a possível manutenção de uma política de dividendos robusta e a capacidade de adaptação diante de choques externos são elementos que o mercado irá considerar ao avaliar os dados oficiais.
O desempenho da companhia poderá influenciar as estratégias de investimento no setor e servir como referência para o posicionamento da estatal diante das transformações energéticas em curso. A divulgação dos resultados também deverá oferecer subsídios para a análise da sustentabilidade financeira da Petrobras em um contexto global mais volátil.