O setor do agro brasileiro está em alerta diante da possibilidade de novas sanções econômicas por parte dos Estados Unidos. Em meio a tensões geopolíticas crescentes, especialmente envolvendo a Rússia, economistas e analistas apontam que a dependência do Brasil de fertilizantes russos pode se tornar um ponto crítico. Além disso, falas do governo federal e a instabilidade política também são vistas como fatores que agravam o cenário para o agronegócio nacional.
Segundo o economista Bruno Musa, o Brasil pode se tornar alvo de tarifas mais agressivas. O alerta acende luz vermelha em toda a cadeia produtiva do agro, que já enfrenta pressões de custo e instabilidade cambial.
Qual o papel do governo Lula na insegurança para o agro?
A postura do governo brasileiro, em especial do presidente Lula, tem causado ruído entre analistas e investidores. A crítica pública ao papel do dólar como moeda global e a aproximação com regimes autoritários são vistas como estratégias que aumentam a percepção de risco internacional. Musa destaca que a crítica ao dólar não é apenas uma questão técnica, mas sim uma sinalização que interfere diretamente na confiança dos mercados internacionais.
Além disso, o ambiente fiscal ainda incerto e a ausência de uma política econômica clara agravam a leitura externa sobre o Brasil, o que pode impactar diretamente as exportações do agro e dificultar o acesso a crédito internacional para produtores.
As relações comerciais com China e Índia podem ajudar ou atrapalhar?
Enquanto os Estados Unidos ameaçam impor barreiras comerciais, o Brasil se apoia fortemente em suas relações com China e Índia, grandes compradores de commodities agrícolas. No entanto, essa dependência pode se tornar um problema estratégico. Se as relações diplomáticas com esses países forem afetadas, o impacto nas exportações do agro seria direto e severo.
O país tem a oportunidade de ampliar suas parcerias e diversificar mercados, mas para isso é preciso planejamento de longo prazo e estabilidade institucional.
Quais são os impactos práticos no setor agro?
- Alta no custo dos fertilizantes importados da Rússia
- Pressão sobre o câmbio pode encarecer insumos
- Barreiras comerciais dos EUA podem reduzir exportações
- Insegurança política afasta investimentos no campo
O reflexo imediato é sentido no bolso do produtor. Caso os insumos encareçam com a aplicação de tarifas adicionais, a margem de lucro será reduzida, especialmente nos pequenos e médios produtores. Isso pode desacelerar investimentos e impactar o ritmo de produção agrícola em 2025 e 2026.
Como a política fiscal pode afetar o agro?
Além da pressão externa, o agro brasileiro também observa com atenção a política fiscal doméstica. A falta de sinalizações claras do governo em relação a cortes de gastos e responsabilidade fiscal pode levar à elevação das taxas de juros, o que encarece o crédito agrícola.
O risco de aumento na Selic afeta diretamente as linhas de financiamento para o setor agroindustrial, impactando desde a compra de máquinas até a expansão de lavouras.
O que o Brasil pode fazer para proteger o agro?
Diante desse cenário, especialistas apontam algumas medidas que poderiam ajudar a blindar o setor agropecuário:
- Diversificar fornecedores de fertilizantes para reduzir a dependência da Rússia
- Fortalecer acordos bilaterais com países da América Latina, África e Sudeste Asiático
- Evitar retórica política que gere desconfiança no mercado internacional
- Implementar reformas estruturais com foco em competitividade e estabilidade institucional
- Ouvir o setor privado na formulação de políticas de comércio exterior
O agro é hoje o principal motor da economia brasileira. Por isso, medidas que assegurem previsibilidade e segurança jurídica são essenciais para que o país continue sendo competitivo no cenário global. Caso contrário, o impacto das sanções e das instabilidades internas pode comprometer não apenas o crescimento do setor, mas a própria balança comercial brasileira.