Entram oficialmente em vigor nesta quarta-feira (6), as novas tarifas de Trump sobre produtos brasileiros, com alíquotas de até 50%, as mais altas impostas pelos EUA. A medida, anunciada no fim de julho, atinge exportações de setores estratégicos como café, carnes, frutas frescas, cacau e minerais metálicos. O impacto imediato sobre o comércio bilateral acendeu alertas em Brasília e no setor produtivo.
Embora cerca de 700 produtos tenham sido isentos da medida incluindo petróleo, minério de ferro e suco de laranja, o início da vigência marca o ponto mais crítico das relações comerciais Brasil-EUA em mais de uma década. As tarifas de Trump têm como pano de fundo não apenas divergências econômicas, mas também tensões políticas e jurídicas crescentes entre os dois países.
Qual o contexto político por trás das tarifas de Trump?
Segundo comunicado da administração americana, as tarifas foram impostas como resposta a “ações que comprometem princípios democráticos e de liberdade de expressão no Brasil”. A referência é direta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF, além de medidas regulatórias adotadas pelo governo Lula que afetam empresas americanas de tecnologia.
Outro fator citado por Washington foi o apoio do Brasil à criação de uma moeda comum entre os países do BRICS, vista como um gesto hostil à hegemonia do dólar. Esses elementos, combinados, elevaram a tensão diplomática e abriram espaço para a imposição das tarifas de Trump, mesmo entre nações com histórico de parceria comercial.
Quais setores brasileiros são mais afetados pelas tarifas de Trump?
A entrada em vigor das tarifas impacta diretamente várias regiões e cadeias produtivas do Brasil. Setores com alta dependência das exportações para os Estados Unidos devem enfrentar pressão adicional a partir desta semana:
- Nordeste: frutas frescas, pescados e calçados
- Centro-Oeste: carne bovina e café
- Sul e Sudeste: parcialmente poupados devido a isenções em celulose e aviação
A expectativa é de que os preços praticados nesses setores percam competitividade no mercado norte-americano, exigindo reposicionamento comercial ou renegociação de contratos em moeda local.
As exceções tarifárias ajudam a conter os danos?
Apesar da gravidade da medida, a lista de produtos isentos, ajuda a mitigar parte do impacto. Produtos como suco de laranja, petróleo e minério de ferro continuam sendo exportados sem sobretaxa, o que reduz a média tarifária efetiva para entre 29% e 31%, segundo estimativas do setor.
Essas isenções representam cerca de 35% das exportações brasileiras aos EUA. Para empresas que atuam nesses segmentos, há um alívio imediato e a chance de manter margens operacionais estáveis no curto prazo. No entanto, o restante da pauta exportadora precisará de reavaliação estratégica.
Como o governo brasileiro está reagindo?
O Ministério da Fazenda e o Itamaraty articulam respostas em várias frentes. Entre as ações imediatas, estão:
- Linhas de crédito emergencial para empresas afetadas
- Atuação do BNDES e bancos regionais, como Desenvolve SP e Goiás Fomento
- Consulta formal à Organização Mundial do Comércio (OMC)
Além disso, o governo federal pretende abrir negociações bilaterais com representantes comerciais dos EUA para revisar itens incluídos nas tarifas. Governadores também já iniciaram ações locais para conter o impacto sobre economias regionais