A manutenção da taxa Selic em 15% pelo Comitê de Política Monetária (Copom) reflete o aumento das incertezas fiscais internas e a nova tensão externa causada pelo tarifaço dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A decisão, amplamente esperada pelos analistas, foi acompanhada por uma ata que sinaliza cautela com o cenário fiscal e comercial.
Com a inflação em desaceleração e o mercado de trabalho relativamente firme, o Banco Central optou por não iniciar um novo ciclo de cortes. Segundo a ata, os riscos vindos do ambiente internacional e os desdobramentos do tarifaço podem comprometer o crescimento e a confiança dos investidores, exigindo uma postura mais conservadora na condução da política monetária.
Tarifaço dos EUA pressiona expectativas fiscais e decisões do BC
Para João Pedro do Val, diretor da Bossa Invest, o cenário de juros elevados exige mais disciplina na alocação de capital. “Em um ambiente mais seletivo e volátil, cresce a relevância de negócios com alto poder de adaptação, eficiência de capital e foco em resolver gargalos estruturais”, comenta. Ele destaca o avanço das soluções baseadas em inteligência artificial como vetor de produtividade e previsibilidade, especialmente em setores como logística, digitalização e produtividade corporativa.
Do Val acredita que os investidores devem observar com atenção setores capazes de entregar retorno mesmo sob pressão. “A alocação estratégica de recursos passa a cumprir também um papel de transformação, impulsionando a modernização de setores inteiros da economia”, completa.
Como o tarifaço afeta as expectativas para cortes de juros?
Segundo Copom mantém Selic em 15% e mercado avalia impacto do tarifaço dos EUA, a ata do Copom foi clara ao indicar que cortes de juros futuros dependem da redução dos riscos fiscais e da manutenção da trajetória de queda da inflação. “O Copom cita diretamente o impacto negativo do tarifaço sobre o crescimento e a confiança, além do risco de piora na percepção de solvência do Brasil”, afirma.
Para ele, a conjuntura atual favorece investidores que buscam oportunidades em ativos estressados. “Empresas pressionadas por custo de capital, falências mal precificadas e litígios judiciais passam a representar ativos com enorme potencial de recuperação”, explica. Ele vê o momento como desafiador, mas fértil para quem souber estruturar soluções jurídicas e financeiras eficazes.
Setores como o agronegócio reforçam foco em gestão de capital
Pedro Da Matta, CEO da Audax Capital, destaca que o impacto do tarifaço também atinge setores estratégicos como o agronegócio. “A decisão do Copom foi interpretada como uma resposta direta à combinação de inflação em queda e elevação das incertezas fiscais, agora agravadas pelo tarifaço norte-americano”, analisa.
Ele reforça a importância do planejamento de capital para enfrentar o novo cenário. “O setor continua como pilar de sustentação da economia e espaço de investimentos consistentes. Mas será fundamental aprimorar a estruturação financeira para resistir ao ambiente de juros elevados”, conclui.
Principais pontos:
- Selic mantida em 15% pelo Copom, com justificativa fiscal e internacional;
- Tarifaço dos EUA é citado como fator de risco na ata;
- Investidores devem buscar negócios com alta eficiência e resiliência;
- Setores como agronegócio e tecnologia se destacam na nova conjuntura;
- Ambiente favorece estratégias em ativos estressados e planejamento sofisticado.