A gigante britânica BP anunciou nesta segunda-feira (4) uma descoberta significativa de petróleo e gás no bloco Bumerangue, localizado na Bacia de Santos, em águas profundas da costa brasileira. Trata-se da maior descoberta da companhia nos últimos 25 anos, segundo a própria empresa, o que levanta uma nova questão no mercado.
A perfuração do poço 1-BP-13-SPS no bloco Bumerangue revelou uma coluna de hidrocarbonetos estimada em 500 metros, em um reservatório de carbonato pré-sal de alta qualidade, com área superior a 300 km². A descoberta foi feita a 404 km da costa do Rio de Janeiro, em lâmina d’água de 2.372 metros, e profundidade total de 5.855 metros.
Segundo os dados divulgados, os primeiros testes indicaram níveis elevados de dióxido de carbono, mas análises laboratoriais adicionais estão em andamento para caracterizar melhor os fluidos e o potencial econômico da jazida. A BP já planeja atividades de avaliação adicionais, que dependem da aprovação dos órgãos reguladores.
A empresa detém 100% de participação no bloco, adquirido em 2022 na Primeira Rodada de Oferta Permanente de Partilha de Produção da ANP, sob condições comerciais consideradas muito favoráveis. A Pré-Sal Petróleo S.A. é a gestora do contrato de partilha.
A BP ainda está à venda?
A descoberta ocorre justamente poucos dias após o Wall Street Journal informar que a Shell estaria avaliando uma possível compra da BP, num movimento que poderia consolidar ainda mais o setor energético global. O anúncio da descoberta levanta um alerta sobre quais impactos podem gerar nessa negociação.
“A maior descoberta da BP em 25 anos” não é uma frase que passa despercebida por analistas e investidores. O Brasil se consolida como peça estratégica para a expansão do portfólio global da companhia, que também anunciou outras nove descobertas ao longo de 2025, incluindo no Egito, Golfo do México, Trinidade, Líbia e Namíbia.
Brasil se firma no mapa estratégico da BP
Atualmente, a BP detém participação em oito blocos offshore no Brasil, sendo operadora em quatro deles. A empresa também conduz um projeto de avaliação em parceria com a Petrobras no bloco Alto de Cabo Frio Central e já prevê a perfuração de um novo poço exploratório no bloco Tupinambá em 2026.
Além da área de exploração e produção (upstream), a BP atua no país por meio de diversas frentes: bioenergia, combustíveis marítimos e de aviação, energia solar, lubrificantes (Castrol), e joint ventures nas áreas de logística e geração termoelétrica.
Expectativas futuras e valor de mercado
A BP planeja aumentar sua produção global de upstream para entre 2,3 e 2,5 milhões de barris de óleo equivalente por dia até 2030, com potencial de crescimento até 2035. Essa trajetória de crescimento pode se intensificar com ativos como o Bumerangue que, se confirmada sua viabilidade econômica, pode se tornar um novo hub de produção no Brasil.