BM&C NEWS
  • AO VIVO 🔴
  • MERCADOS
  • EMPRESAS E NEGÓCIOS
  • Análises
  • ECONOMIA
Sem resultado
Veja todos os resultados
  • AO VIVO 🔴
  • MERCADOS
  • EMPRESAS E NEGÓCIOS
  • Análises
  • ECONOMIA
Sem resultado
Veja todos os resultados
BM&C NEWS
Sem resultado
Veja todos os resultados

Quando o acordo ainda é só um esboço: EUA e Europa evitam tarifa de guerra, mas mantêm incertezas

Fabio OngaroPor Fabio Ongaro
29/07/2025

Na diplomacia comercial, há vitórias que soam como derrotas elegantes. O acordo anunciado entre os Estados Unidos e a União Europeia, com grande pompa no campo de golfe de Turnberry, na Escócia, tem todos os elementos de um alívio momentâneo, mas não oferece garantias de estabilidade duradoura.

O que foi firmado, ou melhor, o que foi anunciado como “entendimento”, estabelece uma tarifa de 15% sobre a maioria das exportações da União Europeia aos EUA, evitando a implementação iminente de taxas de até 30%, que entrariam em vigor no dia 1º de agosto. A vitória, nesse caso, é a contenção do dano, não sua eliminação.

Setores estratégicos conseguiram escapar parcialmente do aumento tarifário. Produtos como peças de aviões, alguns equipamentos semicondutores, químicos selecionados e categorias específicas de bens agrícolas ficaram de fora do novo regime. No entanto, a ambiguidade persiste. Não está claro, por exemplo, se certos medicamentos genéricos serão ou não isentos  e, num ambiente regulatório tão técnico, essa indefinição pode significar bilhões em receitas ou prejuízos para exportadores europeus.

O setor de aço e alumínio, por sua vez, permanece sob tarifas pesadas de 50%. Embora haja menções a uma possível transição para um modelo de cotas, isso ainda está longe de ser concretizado. A realidade é que a indústria metalúrgica europeia continua no fogo cruzado de uma política comercial norte-americana mais voltada para o impacto político interno do que para o equilíbrio externo.

Do lado europeu, a resposta veio em forma de compromisso econômico robusto, ao menos nos números. A UE se comprometeu a comprar US$ 750 bilhões em energia dos EUA, incluindo petróleo, gás natural liquefeito e insumos nucleares. Além disso, promete investir cerca de US$ 600 bilhões na economia americana, com ênfase em setores de defesa e tecnologia. Parece grandioso. Mas o diabo está nos detalhes e, até agora, não há um só documento vinculante que defina como, quando e onde esses compromissos se transformarão em contratos.

O texto final do acordo ainda não existe. Não houve assinatura formal, nem ratificação. Tudo dependerá agora da tramitação dentro do Parlamento Europeu e dos parlamentos nacionais, processo que pode levar semanas ou meses. No meio desse intervalo, muita coisa pode mudar. Inclusive a disposição política de Trump, que tem mostrado, em diversas ocasiões, que seus acordos são mais flexíveis do que parece ao primeiro anúncio.

Por mais que o anúncio evite a escalada de uma guerra comercial transatlântica, o cenário que se estabelece é de um novo normal tarifário. Antes de Trump, as tarifas médias sobre produtos europeus nos EUA oscilavam entre 1,5% e 5%. Agora, com o patamar fixado em 15%, o que era exceção se torna regra. É um salto de magnitude histórica, e que tem implicações profundas na competitividade da indústria europeia.

A narrativa do governo americano é a de que essa é uma vitória estratégica: os EUA mantêm sua soberania tarifária, garantem receitas extras com as novas tarifas e ainda recebem promessas de investimentos vultosos da Europa. No curto prazo, Wall Street reagiu positivamente, e o dólar se manteve estável, sinalizando que os mercados preferem qualquer acordo a um conflito em aberto.

Do lado europeu, no entanto, a sensação é de rendição parcial. A expectativa inicial da UE era um acordo baseado na lógica do “tarifa zero para tarifa zero” em setores industriais sensíveis. O que recebeu foi uma contenção de danos, um teto tarifário alto e obrigações econômicas pouco simétricas. Ursula von der Leyen tenta vender o acordo como uma ponte necessária em tempos de incerteza global. Mas, nos corredores de Bruxelas, o tom é de resignação, não de entusiasmo.

Também não está claro o quanto do valor anunciado em compras de energia e investimentos realmente se traduzirá em ações novas. Muitos analistas indicam que parte significativa desse montante já estava prevista em contratos anteriores ou integra compromissos que os Estados-membros assumiriam de qualquer forma, por conta da transição energética ou da renovação de suas frotas militares.

É necessário observar ainda o contexto político e jurídico nos EUA. Trump tem utilizado, com frequência crescente, dispositivos como a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA) para justificar ações tarifárias unilaterais. A legalidade desse instrumento está sendo questionada, inclusive com julgamento previsto para 31 de julho. Se a justiça americana decidir que o uso da IEEPA para tarifas comerciais viola sua finalidade original, todo o edifício tarifário do atual governo pode desmoronar.

Os impactos desse acordo — ou pré-acordo — se espalham para além dos dois lados do Atlântico. Em um mundo em que EUA e UE representam juntos cerca de 44% do PIB global, qualquer trégua evita que uma fagulha tarifária se torne um incêndio financeiro global. O anúncio ajuda a estabilizar mercados, reduz pressões sobre moedas emergentes e permite que cadeias produtivas globais respirem, ao menos por enquanto.

Mas a nova tarifa de 15% trará custos. Para os consumidores americanos, ela significa produtos europeus mais caros: automóveis, eletrônicos, alimentos processados, produtos de luxo. Para as empresas europeias, especialmente as de médio porte, a competitividade em solo americano será reduzida, exigindo readequações logísticas ou deslocamento parcial de produção para fora do bloco.

Empresas multinacionais com operações globais deverão acelerar a diversificação de suas cadeias produtivas. Produzir na Ásia ou na América Latina pode voltar a ser uma alternativa menos exposta a choques tarifários. E é provável que a busca por acordos bilaterais com países de fora da órbita EUA‑UE ganhe força nos próximos meses.

No fim do dia, o que se tem é uma trégua frágil. Um acordo anunciado, mas não assinado. Um número (15%) que se apresenta como alívio, mas que, historicamente, representa um salto tarifário considerável. E promessas de bilhões que ainda dependem de tinta, papel e votos.

Como observador e analista, não há como chamar esse acordo de definitivo. Ele é, no máximo, uma pausa estratégica. Serve para ganhar tempo, desarmar manchetes alarmistas e conter danos eleitorais. Mas não resolve a tensão de fundo: os Estados Unidos continuam redefinindo, sozinhos, as regras do jogo comercial. E a Europa, mais uma vez, responde com pragmatismo forçado — entre o que pode aceitar e o que teme perder.

Enquanto os termos não forem fixados, o que foi celebrado em Turnberry permanece como aquilo que mais inquieta diplomatas e investidores: um acordo provisório com gosto de armistício e cheiro de revisão futura.

*Coluna escrita por Fabio Ongaro, economista e empresário no Brasil, CEO da Energy Group e vice-presidente de finanças da Camara Italiana do Comércio de São Paulo – Italcam

Leia Mais

Comunicado urgente para clientes Itaú Personnalité, não clique em nenhum link para resgatar pontos

Comunicado urgente para clientes Itaú Personnalité, não clique em nenhum link para resgatar pontos

6 de dezembro de 2025
A cerca de 130 km de Recife, este é o destino perfeito para turistas de todo o Brasil que querem vivenciar a maior e mais tradicional festa de São João do mundo

A cerca de 130 km de Recife, este é o destino perfeito para turistas de todo o Brasil que querem vivenciar a maior e mais tradicional festa de São João do mundo

6 de dezembro de 2025

As opiniões transmitidas pelo colunista são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, a opinião da BM&C News.

Leia mais colunas do autor aqui.

BCE corta taxa de juros: o que isso significa para a economia?

Foto: Agência Brasil

Leia

‘Brasil vive sua maior instabilidade institucional da história’, alerta Felipe d’Ávila

Corrida da IA: capex das Big Techs movimenta PIB dos EUA e reacende debate sobre bolha

Créditos: depositphotos.com / AndrewLozovyi
TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

Corrida da IA: capex das Big Techs movimenta PIB dos EUA e reacende debate sobre bolha

6 de dezembro de 2025

A inteligência artificial (IA) entrou na fase mais intensa de investimento desde o início da era digital. Um relatório temático...

Leia maisDetails
Em clima natalino, Ibovespa fecha no vermelho
MERCADOS

Ibovespa despenca 4,31% após choque político e reverte semana

5 de dezembro de 2025

O Ibovespa fechou a sessão desta sexta-feira (05) com queda de 4,31%, aos 157.369,36 pontos, no pior desempenho diário desde...

Leia maisDetails
Felipe D'Avila fala sobre instabilidade Institucional
POLÍTICA

‘Brasil vive sua maior instabilidade institucional da história’, alerta Felipe d’Ávila

6 de dezembro de 2025
Créditos: depositphotos.com / AndrewLozovyi
TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

Corrida da IA: capex das Big Techs movimenta PIB dos EUA e reacende debate sobre bolha

6 de dezembro de 2025
dividendos no radar do mercado
EMPRESAS E NEGÓCIOS

Empresas aceleram dividendos antes da tributação

6 de dezembro de 2025
Em clima natalino, Ibovespa fecha no vermelho
MERCADOS

Ibovespa despenca 4,31% após choque político e reverte semana

5 de dezembro de 2025

Leia Mais

Felipe D'Avila fala sobre instabilidade Institucional

‘Brasil vive sua maior instabilidade institucional da história’, alerta Felipe d’Ávila

6 de dezembro de 2025

O cientista político Luiz Felipe d’Ávila deixou um diagnóstico direto, e incômodo, durante o programa Money Report, da BM&C News,...

Créditos: depositphotos.com / AndrewLozovyi

Corrida da IA: capex das Big Techs movimenta PIB dos EUA e reacende debate sobre bolha

6 de dezembro de 2025

A inteligência artificial (IA) entrou na fase mais intensa de investimento desde o início da era digital. Um relatório temático...

dividendos no radar do mercado

Empresas aceleram dividendos antes da tributação

6 de dezembro de 2025

Em um momento em que o mercado corre para antecipar mudanças tributárias previstas para 2026, os dividendos voltaram a ganhar...

Em clima natalino, Ibovespa fecha no vermelho

Ibovespa despenca 4,31% após choque político e reverte semana

5 de dezembro de 2025

O Ibovespa fechou a sessão desta sexta-feira (05) com queda de 4,31%, aos 157.369,36 pontos, no pior desempenho diário desde...

Bolsonaro Flavio Tarcisio

Flávio Bolsonaro diz ter sido escolhido por Jair para disputar a Presidência em 2026

5 de dezembro de 2025

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) confirmou nesta sexta-feira (5) ter sido escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro como nome do PL...

CVM

Instituto Empresa critica CVM no caso IRB e pode acionar MPF: ‘falha de diligência’

5 de dezembro de 2025

O Instituto Empresa, associação de investidores dedicada à governança corporativa e aos direitos dos acionistas, criticou duramente a decisão do...

netflix

Netflix dá passo histórico para comprar a Warner Bros.

5 de dezembro de 2025

A Netflix entrou em negociações exclusivas para adquirir os estúdios de cinema e televisão da Warner Bros., além do serviço...

CONGRESSO APROVA LDO

LDO 2026: “exceções crescentes corroem credibilidade fiscal”, diz economista

5 de dezembro de 2025

A aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026 reacendeu o debate sobre a credibilidade do arcabouço fiscal e...

FED

Concentração de poder no Fed? “Narrativa exagerada”, avalia especialista

5 de dezembro de 2025

A possibilidade de Kevin Hassett assumir a presidência do Federal Reserve e Scott Bane acumular funções no Tesouro e no...

Como criar metas financeiras que você vai cumprir em 2026

5 de dezembro de 2025

À medida que 2025 chega ao fim, as metas financeiras voltam ao centro da conversa, mas a maioria delas não...

Veja mais

COPYRIGHT © 2025 BM&C NEWS. TODO OS DIREITOS RESERVADOS.

Bem-vindo!

Faça login na conta

Lembrar senha

Retrieve your password

Insira os detalhes para redefinir a senha

Conectar

Adicionar nova lista de reprodução

Sem resultado
Veja todos os resultados
  • AO VIVO 🔴
  • MERCADOS
  • EMPRESAS E NEGÓCIOS
  • Análises
  • ECONOMIA

COPYRIGHT © 2025 BM&C NEWS. TODO OS DIREITOS RESERVADOS.