A entrada da REAG Investimentos no controle da Azevedo & Travassos, oficializada em fevereiro de 2025, marcou o início de uma nova etapa para a companhia. Desde então, foram assinados ou vencidos oito contratos relevantes, elevando o backlog total da empresa para R$ 4,64 bilhões, valor que inclui tanto contratos firmados quanto outros ainda em fase de assinatura formal.
Segundo dados compilados pela companhia, os contratos assinados somam R$ 1,56 bilhão, enquanto outros R$ 3,08 bilhões estão em tratativas finais. A maior parte do portfólio está concentrada nos setores de petróleo e gás, infraestrutura viária, energia e saneamento.
Foco ada Azevedo & Travassos agora é transformar backlog em receita
Na avaliação do economista Marco Saravalle, CIO da MSX Invest, o aumento no volume de contratos traz maior previsibilidade à geração de receita, mas ainda exige atenção à execução. “O mercado ainda não refletiu totalmente essa carteira no valor de mercado da empresa, mas isso não significa que haja uma reprecificação automática. O desafio está em transformar backlog em receita e resultado operacional consistente.”
A companhia vale hoje cerca de R$ 355 milhões em bolsa, considerando as ações ON e PN cotadas a R$ 0,60 (dados de 14 de julho). O valor representa menos de 8% do volume proporcional da carteira de contratos. A diluição recente de 198 milhões para 593 milhões de ações foi resultado da incorporação das empresas MKS Soluções e Congem, que aportaram R$ 751 milhões à companhia em troca de novas ações a R$ 1,90 cada.
Azevedo & Travassos: especialista vê capital reforçado como fator-chave
Na visão de Christian Lima, CEO da Lima Engenharia, o reforço de caixa foi essencial para viabilizar projetos maiores. “Com o novo capital social, a empresa passou a ter condições de assumir obras de maior porte e originar contratos em novas áreas. Mas a execução precisa ser acompanhada de perto”, pondera.
Entre os projetos aguardados, destacam-se os contratos do Comperj (UPCs 3 e 5), o gasoduto Raia com a Equinor, e a concessão da rodovia Rota Verde, cuja receita prevista, segundo projeções do BNDES, deve alcançar R$ 350 milhões por ano a partir de 2026.
Estimativas futura e expectativa do mercado para Azevedo & Travassos
De acordo com estimativas divulgadas por Saravalle, a Azevedo & Travassos pode gerar entre R$ 900 milhões e R$ 1 bilhão em receita anual a partir de 2026, com base na cadência histórica de execução (20% a 25% dos contratos por ano), sem considerar novos projetos.
Apesar do volume expressivo de contratos, o histórico recente da companhia e a necessidade de comprovar capacidade de entrega ainda geram cautela entre investidores institucionais. A carteira está mais diversificada do que em ciclos anteriores, mas a sustentabilidade operacional e o cumprimento dos prazos serão determinantes para uma eventual reprecificação no mercado.
A empresa afirma que assume apenas contratos com margens atrativas e que as mudanças na estrutura societária buscam garantir maior controle financeiro e operacional. Por ora, o mercado parece adotar uma postura de espera.















