Nos últimos anos, a tecnologia bancária trouxe facilidades para as operações financeiras diárias, mas também abriu espaço para práticas fraudulentas cada vez mais sofisticadas. Um dos golpes que mais preocupa consumidores e especialistas em segurança é o da falsa central eletrônica. A fraude ocorre quando criminosos, se passando por funcionários do banco, convencem a vítima a tomar atitudes que resultam na transferência de valores para contas de terceiros.
Os criminosos utilizam ferramentas modernas de engenharia social, como a alteração do número do identificador de chamadas através do chamado spoofing. O objetivo é criar um ambiente de urgência e desconfiança, levando o correntista, muitas vezes assustado, a fornecer informações sensíveis ou realizar transferências, acreditando estar protegendo seus próprios recursos.
Como funciona o golpe da falsa central eletrônica?
O golpe da falsa central é caracterizado por ligações no qual o atendente se apresenta como um analista da central do banco. Ele informa acerca de tentativas de acesso indevido ou de movimentação suspeita na conta do cliente. Para dar veracidade, os estelionatários falam com termos técnicos, mencionam detalhes sobre o perfil do cliente e utilizam o número oficial do banco.
No auge da pressão, orientam a realização de transferências via PIX para supostas “contas seguras” ou solicitam senhas e códigos de autenticação enviados por SMS ou aplicativos. O contato pode acontecer inclusive após o envio de notificações falsas por e-mail ou mensagem instantânea, reforçando o ambiente de urgência e insegurança.

Qual a responsabilidade dos bancos em casos de fraude bancária?
O entendimento dos tribunais brasileiros, em decisões recentes até 2025, aponta para a responsabilidade objetiva das instituições financeiras nesses casos. Isso significa que, mesmo que o golpe seja praticado por terceiros, o banco pode ser responsabilizado pelas perdas sofridas pelo cliente se a fraude envolver o uso das ferramentas e dos canais bancários.
O principal argumento jurídico é a falha na prestação do serviço. Fatores como a ausência de mecanismos robustos de detecção de fraude, a falta de orientações claras ao cliente e a demora em bloquear operações suspeitas podem pesar contra o banco, mesmo se o cliente, na tentativa de se proteger, colaborar involuntariamente com os golpistas.
Como se proteger do golpe da falsa central eletrônica?
Evitar cair nesse tipo de golpe demanda atenção a determinados sinais e o conhecimento de boas práticas de segurança digital. Algumas medidas ajudam a reduzir o risco:
- Jamais realize transferências ou compartilhe senhas por telefone.
- Desconfie de ligações urgentes, mesmo que o número exibido seja o do banco.
- Ligue diretamente para a central oficial do banco utilizando os números presentes no cartão ou site institucional.
- Não clique em links enviados por SMS ou e-mails informando bloqueios ou movimentações suspeitas.
- Mantenha os aplicativos do banco e de segurança sempre atualizados.
O que fazer se for vítima do golpe da falsa central?
Em caso de suspeita ou confirmação de fraude, algumas ações podem ser fundamentais:
- Comunique imediatamente o banco sobre a situação, bloqueando cartões e contas se necessário.
- Registre um boletim de ocorrência junto à autoridade policial.
- Salve todos os registros de relacionamento, como e-mails, fotos de mensagens e gravações de ligações.
- Procure orientação jurídica especializada para avaliar a possibilidade de recuperar os valores perdidos por meio de ação judicial.
A Justiça tem reconhecido o direito à restituição e à indenização em muitos casos, especialmente quando comprovada a vulnerabilidade do cliente diante de técnicas que exploram falhas no próprio atendimento bancário.
Bancos estão investindo em novas soluções de segurança?
O setor financeiro brasileiro, atento à escalada desse tipo de golpe, tem implementado medidas adicionais de proteção ao consumidor. Entre estas estão o uso de biometria, sistemas automatizados de detecção de comportamentos suspeitos, alertas em tempo real e investimentos constantes em campanhas de conscientização. A atuação dos bancos, quando proativa, faz diferença na prevenção e no apoio aos clientes que se deparam com situações suspeitas.
O golpe da falsa central eletrônica, embora sofisticado, pode ser combatido com informação, cautela e rigor no cumprimento das normas de segurança por parte dos bancos. A confiança do consumidor depende, cada vez mais, da eficiência das instituições em proteger o patrimônio de seus clientes.