Em um cenário marcado por tensões tarifárias e movimentações no comércio global, como a assinatura do acordo entre Mercosul e Efta e a expectativa da conclusão das negociações envolvendo Estados Unidos e União Europeia, o Brasil encontra uma oportunidade estratégica para fortalecer sua relação econômica e comercial com o Reino Unido.
“Na atual conjuntura global, marcada por realinhamentos comerciais, o Brasil está diante de uma janela de oportunidades para fortalecer laços com o Reino Unido. Celebramos em 2025 os 200 anos da relação comercial bilateral e temos agendas alinhadas nas questões de sustentabilidade e inovação. Essa combinação eleva de patamar a parceria com os britânicos e potencializa a criação de um eixo central na estratégia brasileira de ampliação de espaço comercial internacional nos próximos anos”, defende Fabio Caldas, presidente da Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil (Britcham).
Na visão do executivo, diante da política comercial do governo Trump, que pressiona por acordos e ajustes tarifários, a prioridade de todos os países é a busca por parcerias estáveis e diversificadas. Em um cenário de “arquipélago geopolítico”, como define Caldas, onde países buscam acordos bilaterais para reduzir dependências, o Brasil tem a chance de reequilibrar seu portfólio comercial. O Reino Unido, como sexta maior economia global e polo de serviços financeiros e empresariais, oferece um mercado maduro e estável para empresas brasileiras.
“O Reino Unido é uma âncora de estabilidade em meio à volatilidade do comércio global. O país compartilha valores político-econômicos alinhados com os interesses brasileiros. Assim como o Brasil é parceiro comercial para os britânicos, principalmente em segurança alimentar e transição energética. Com a COP30 se aproximando, o país se consolida como fornecedor de commodities agrícolas sustentáveis e ator-chave em energias renováveis, como hidrogênio verde e eólica”, diz o presidente da Britcham.
O Reino Unido, após o Brexit, tem buscado ativamente novos acordos comerciais, incluindo uma parceria recente com os Estados Unidos, anunciada em maio deste ano. De acordo com a Casa Branca, a projeção é de que esta nova parceria crie uma oportunidade de US$ 5 bilhões para novas exportações para agricultores, pecuaristas e produtores dos EUA.
“No entanto, a relação norte-americana com a União Europeia e a necessidade de diversificar mercados abrem espaço para uma aproximação mais robusta do Reino Unido com o Brasil. O histórico recente da balança comercial dos dois países comprova essa tese, já que houve crescimento de 2,1% no volume financeiro negociado quando comparamos 2024 com o ano anterior”, ressalta Fabio Caldas.
De acordo com dados divulgados pelo departamento Negócios e Comércio do governo do Reino Unido, as exportações britânicas para o Brasil somaram US$ 8,63 bilhões em 2024, com destaque para serviços (60,2%) e bens como produtos farmacêuticos (+22,3%) e metalurgia (+73,7%). O Brasil exportou US$ 6,13 bilhões para o Reino Unido, com ênfase em bebidas, carnes e commodities agrícolas.
Além disso, o cenário é positivo para acordos comerciais entre as nações, que podem impulsionar investimentos nos dois países. Atualmente, o FDI britânico no Brasil soma US$ 15,25 bilhões. “A celebração de um acordo de livre comércio entre os dois países seria um passo estratégico, facilitando o fluxo de bens e serviços e ampliando a participação brasileira no comércio britânico, hoje em apenas 0,7% do total”, conclui o presidente da Britcham.
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