O mercado financeiro brasileiro fechou esta terça-feira, 8 de julho, com leve queda de 0,22% aos 139.181 pontos, refletindo um cenário mais ameno após a recente escalada de tensões comerciais envolvendo os Estados Unidos. Para o economista e especialista em investimentos Danilo Coelho (CEA), a reação relativamente contida do mercado é resultado direto da sinalização de países do BRICS, como China e Índia, que buscam evitar atritos com os EUA, indicando que não pretendem adotar uma política econômica antiamericana ou uma moeda comum.
Segundo Coelho, essa postura mais diplomática entre as economias emergentes contribuiu para reduzir a aversão ao risco por parte dos investidores. “O Ibovespa estava muito descontado nos últimos meses, principalmente devido a ruídos fiscais e institucionais. Agora, vemos um movimento de retomada, com maior entrada de capital externo”, avalia.
Apesar das ameaças de tarifas do ex-presidente Donald Trump, os mercados globais demonstraram resiliência. O S&P 500 e a própria bolsa brasileira recuaram discretamente, mas sem a mesma intensidade de movimentos anteriores. Coelho destaca que o fator determinante para esse comportamento mais estável está relacionado à ausência de sinais de conflito entre as maiores economias emergentes e os Estados Unidos.
Economia americana sustenta bolsas com orçamento bilionário e foco em tecnologia
Nos Estados Unidos, o cenário também mostra recuperação. O economista destaca dois fatores principais que impulsionam os índices por lá: a aprovação do plano orçamentário “The Big Beautiful Bill”, com aumento significativo dos gastos públicos, e a priorização de investimentos em tecnologia e defesa. “Trump tem apostado fortemente em reindustrialização, especialmente na produção de microchips, além de aumentar gastos militares. Isso favorece ações ligadas aos setores de telecomunicações, tecnologia e defesa”, aponta.
Empresas como Lockheed Martin, General Dynamics e Northrop Grumman devem se beneficiar diretamente deste novo ciclo de investimento, segundo a análise de Coelho.
No Brasil, estabilidade política e exportadoras lideram ganhos
Em território nacional, a decisão do ministro Alexandre de Moraes de promover um diálogo entre Executivo e Legislativo para tratar da questão do IOF foi vista com bons olhos pelo mercado. “O entendimento entre os poderes pode reduzir incertezas fiscais, o que tende a atrair mais capital estrangeiro e reduzir os juros futuros exigidos pelos investidores para aplicar no Brasil”, explica Coelho.
Entre os destaques do dia, as maiores baixas ficaram com empresas voltadas ao consumo interno, como TIM, Yduqs e RaiaDrogasil. “Essas empresas refletem a cautela do investidor com relação ao desempenho da economia doméstica, especialmente diante do cenário de incertezas políticas e fiscais”, afirma o especialista.
Por outro lado, papéis ligados ao setor de exportação e commodities registraram alta expressiva. Petrobras, PetroRio e Brava Energia foram alguns dos destaques positivos, sustentados pela valorização internacional do petróleo e a expectativa de um dólar mais forte à frente. “Estamos próximos do menor patamar da moeda americana nos últimos 12 meses. Há uma percepção crescente de que o dólar pode subir novamente com o aumento das incertezas políticas no fim do ano, em especial no período pré-eleitoral”, analisa Coelho.
Perspectivas para o segundo semestre: risco eleitoral e posicionamento antecipado
O economista observa que o segundo semestre tende a ser mais volátil para os mercados emergentes, especialmente com o início do ciclo eleitoral no Brasil. “Esse ambiente de maior incerteza faz com que investidores já comecem a se posicionar agora, apostando na valorização do dólar e na resiliência de empresas ligadas ao comércio exterior.”
Coelho conclui que, mesmo com as quedas pontuais, o cenário para ativos brasileiros mostra sinais de retomada. “O apetite ao risco volta gradualmente e pode beneficiar emergentes, desde que se mantenham minimamente estáveis no campo político e fiscal.”













