O economista Sérgio Machado, sócio da MAG, analisa o cenário econômico brasileiro e destaca a preocupação com o aumento do risco fiscal. Segundo ele, “o crescimento acelerado da dívida pública é alarmante, especialmente em um contexto em que a confiança dos investidores está em jogo“. A elevada dívida pode pressionar ainda mais as contas públicas, criando um ciclo vicioso de incertezas que impacta diretamente a inflação e as decisões do Banco Central sobre os juros.
Machado aponta que a combinação de risco fiscal elevado e o custo de carregamento da dívida poderá levar a uma inflação persistente. “Se as taxas de juros não caírem rapidamente, podemos esperar um cenário complicado para o PIB, que pode não crescer como desejamos“, afirma o economista. Ele menciona que, com a inflação elevada, o poder de compra da população é afetado, o que provoca uma retração no consumo e, consequentemente, no crescimento econômico.
Juros no radar do mercado
Uma das grandes questões discutidas foi sobre o corte de juros. Sérgio é cético quanto à possibilidade de uma redução significativa na taxa de juros já no início de 2025. “Acho que o Banco Central vai precisar de mais tempo para avaliar o impacto das políticas atuais antes de tomar qualquer decisão sobre a redução da taxa de juros“, comenta. Essa espera pode ser influenciada pela dinâmica política do próximo ano eleitoral, onde as decisões econômicas poderão ser afetadas por pressões externas e internas.
O ano eleitoral, segundo Machado, pode complicar ainda mais o cenário econômico. “As decisões políticas tendem a priorizar a popularidade em detrimento da responsabilidade fiscal, o que pode piorar a situação da economia“, afirma. Ele alerta que o foco em medidas que possam agradar o eleitorado pode desviar a atenção das reformas necessárias para estabilizar a economia e conter a inflação.
Estratégias de investimentos: ativos que se beneficiem de juros altos
Diante desse cenário desafiador, o economista sugere que os investidores adotem uma postura cautelosa. “É fundamental diversificar as aplicações e considerar ativos que possam se beneficiar em um ambiente de juros altos e inflação elevada“, aconselha. Isso pode incluir investimentos em setores que historicamente resistem bem em períodos de instabilidade econômica.
O panorama econômico brasileiro exige atenção redobrada, principalmente com as incertezas fiscais e políticas à vista. O desafio será equilibrar o crescimento da dívida pública com a necessidade de um ambiente econômico estável, o que será crucial para o futuro do Brasil.