O Boletim Focus desta segunda-feira (7) trouxe ajustes nas projeções de mercado para inflação, PIB, câmbio e taxa de juros para os próximos anos, refletindo as expectativas de analistas e economistas para a economia brasileira.
As projeções para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) mostraram leves ajustes para os próximos anos. A estimativa para 2025 passou de 5,20% para 5,18%, indicando uma leve desaceleração da inflação. Para 2026, a expectativa permanece em 4,50%, enquanto para 2027, a projeção continua em 4,00%.
Esses ajustes refletem a expectativa de que, apesar de desafios fiscais e econômicos internos, o controle da inflação deve ser alcançado nos próximos anos, com uma estabilização mais forte a partir de 2027.
Crescimento econômico: Expectativas de Estabilidade, segundo Focus
Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), o Boletim Focus apresentou uma leve revisão para 2025, com a previsão passando de 2,21% para 2,23%. Já para 2026, a expectativa de crescimento foi reduzida de 1,87% para 1,86%, e para 2027, a projeção de 2,00% foi mantida.
O pequeno ajuste nas estimativas de crescimento para 2025 reflete um cenário econômico mais favorável a curto prazo, enquanto as projeções para os anos seguintes continuam apontando para um crescimento mais moderado, em linha com o atual desempenho da economia brasileira.
Focus atualiza projeções do câmbio e da selic
A taxa de câmbio teve poucas alterações nas projeções para os próximos anos. Para 2025, o valor do real permanece em R$ 5,70, enquanto para 2026, a projeção foi ajustada de R$ 5,79 para R$ 5,75, e para 2027, o valor continua em R$ 5,75, segundo o relatório Focus desta semana.
Esses ajustes refletem a expectativa de uma certa estabilidade para a moeda brasileira, mesmo diante das incertezas internas e externas. A projeção aponta para um real relativamente estável, com uma leve apreciação esperada em 2026, mas com pouca volatilidade a partir de 2027.
A taxa Selic, que atualmente está em 15%, permanece inalterada para 2025. Para 2026, espera-se um corte para 12,50%, e, em 2027, a projeção é de 10,50%.
Esse corte gradual na taxa de juros reflete a expectativa de que o Banco Central continuará com a política monetária de afrouxamento à medida que a inflação se estabiliza, mas sempre com cautela para não comprometer o controle da inflação.
Análise do Focus: ainda há pressões significativas na inflação
De acordo com Maykon Douglas, economista, a recente revisão das estimativas de inflação no Boletim Focus reflete a combinação de fatores internos e externos que impactam a dinâmica dos preços no Brasil. Douglas explicou que, embora o IPCA tenha apresentado uma desaceleração nas últimas semanas, ainda há pressões significativas, principalmente no núcleo de serviços, que continua bem acima da meta estipulada pelo Banco Central.
“Embora os preços de energia continuem sendo um vilão no curto prazo, a expectativa é que o IPCA apresente números mais amenos para as métricas subjacentes, principalmente nos próximos meses, com a possível implementação de um programa do governo para reduzir o IPI de alguns tipos de automóveis populares“, afirmou Douglas.
O economista ressaltou que essa redução no IPI pode gerar um impacto de 10 a 20 bps na inflação, proporcionando alívio temporário. Sobre o câmbio, Douglas manteve a projeção de R$ 5,70/dólar para o final deste ano, mas fez uma revisão baixista para R$ 5,60/dólar, considerando que o cenário doméstico mais favorável poderá favorecer uma valorização do real, mesmo com a persistente volatilidade externa.