A transição plena do Brasil para um sistema econômico circular poderia injetar R$ 11 bilhões por ano na economia nacional e gerar cerca de 240 mil empregos até 2040. Os dados levam em conta um levantamento de 2023 da SNIS/Ministério das Cidades e uma projeção da Ambipar. As soluções permeiam o conceito de economia circular no qual a matéria prima é produzida sem repetir os padrões de exploração de recursos naturais que levaram à degradação ambiental. O modelo de produção e consumo baseado na reutilização, recuperação, reciclagem e regeneração de materiais e energia entra em uma nova ramificação: a biotecnologia circular, que corresponde ao uso de processos biológicos e resíduos orgânicos para gerar novos produtos ou serviços sustentáveis.
A iniciativa se insere em um contexto no qual 85% das indústrias brasileiras já adotam práticas de economia circular em suas cadeias de produção, de acordo com Confederação Nacional da Indústria (CNI), mas a sociedade civil caminha a passos lentos, com apenas 4% dos resíduos sólidos no Brasil sendo reciclados, de acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais(Abrelpe).
É diante desse cenário que o NAPI Biodiversidade: RESTORE (natuRe-basEd SoluTions for imprOving REforestation) vem apostando na produção de materiais biodegradáveis obtidos a partir de resíduos industriais e agroalimentares como ferramenta-chave para transformar desafios ambientais em oportunidades regenerativas.
Entre os materiais mais promissores utilizados pela equipe está a quitosana, um biopolímero natural derivado da quitina, principal componente do exoesqueleto de crustáceos como camarões e caranguejos, que normalmente são descartados como lixo pela indústria pesqueira. A partir desse resíduo, o RESTORE desenvolve nanomateriais aplicáveis à encapsulação de substâncias bioativas, como o óxido nítrico, além de filmes e suportes biodegradáveis para uso em viveiros, sistemas agroflorestais e na proteção de mudas em campo. O processo reduz não só a geração de resíduos orgânicos, mas também a dependência de plásticos convencionais e insumos químicos que poluem o solo e a água.
Esse tipo de abordagem está ancorado nos princípios da bioeconomia circular, em que cada etapa do ciclo de produção gera valor ambiental, social e econômico, conforme explica o professor Halley Caixeta de Oliveira, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), coordenador do NAPI RESTORE. “Ao reaproveitar resíduos antes descartados, nós contribuímos para evitar o acúmulo de rejeitos, além de estimular cadeias produtivas mais limpas e desenvolver tecnologias de alto valor agregado com baixa pegada ecológica. Mais do que uma alternativa viável, temos uma estratégia transformadora para viabilizar a restauração em larga escala, sem comprometer outros ecossistemas ou gerar novos passivos ambientais”, pontua.
A partir de soluções inspiradas na natureza e desenvolvidas com consciência socioambiental, o RESTORE tem contribuído para restaurar áreas degradadas, regenerar solos e construir um novo modelo de relação com os recursos naturais, em que nada se perde e tudo se transforma.
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