Mesmo diante de um cenário fiscal incerto e da crescente volatilidade internacional, a Petrobras (PETR4) continua sendo uma opção relevante para investidores que buscam retorno por meio de dividendos. A avaliação é de Enrico Cozzolino, head de análise da Levante Investimentos, que vê espaço para ganhos, desde que o risco da estatal seja bem administrado.
“Petrobras ainda está descontada em relação ao seu potencial de retorno”, disse o analista em entrevista à BM&C News. Segundo ele, o papel tem mostrado força nos últimos meses, com valorização consistente e atratividade ampliada pelos dividendos generosos, o que a mantém entre as maiores pagadoras do mundo.
O movimento de busca por dividendos ganhou força após o governo federal sinalizar a possibilidade de contar com recursos de estatais para melhorar o equilíbrio fiscal, o que inclui uma eventual distribuição extraordinária por parte da Petrobras. Para Cozzolino, esse cenário reacendeu o interesse dos investidores, mesmo com o risco político que historicamente acompanha a companhia.
“É aquela história: o que faz o veneno é a dose. Com uma boa gestão de risco e alocação adequada em carteira, o investimento em Petrobras faz sentido”, afirmou.
Região de suporte e repetição de compras da Petrobras
Além do fator dividendos, o técnico também ajuda a sustentar o interesse pela estatal. Segundo Cozzolino, o comportamento dos investidores mostra que o papel tende a atrair compradores sempre que atinge determinados níveis de preço.
“Tem patamares em que claramente aparece comprador. Isso indica que há uma região de suporte onde o investidor institucional se posiciona, enxergando valor”, explicou o analista.
Riscos continuam: política de preços e governança da Petrobras
Apesar da atratividade, Cozzolino faz um alerta sobre os riscos de investir na companhia. A interferência política nas decisões da Petrobras — principalmente na política de preços dos combustíveis, ainda gera desconfiança no mercado.
“Mesmo com a política de preços bem definida, existe uma demora do governo em repassar a alta do petróleo para os preços da gasolina e do diesel. Essa defasagem impacta negativamente os resultados da companhia e é o prêmio de risco que o investidor precisa considerar”, destacou.
O analista também lembrou que, historicamente, a estatal enfrentou problemas de governança e decisões que não priorizavam o retorno ao acionista. No entanto, ele pondera que, atualmente, o cenário é mais favorável para quem busca retorno no médio e longo prazo, especialmente com os juros ainda elevados no Brasil.
“Vale a pena investir, sim. Desde que o investidor tenha clareza sobre o risco e saiba dimensionar isso na sua carteira”, concluiu.