O mercado financeiro voltou a revisar para baixo a projeção do IPCA em 2025, segundo o Relatório Focus divulgado nesta sexta-feira (27) pelo Banco Central. A mediana das estimativas caiu de 5,24% para 5,20%, mantendo a tendência de desaceleração observada nas últimas semanas. Já para os anos seguintes, as projeções seguem estáveis: 4,50% para 2026, 4,00% para 2027 e 3,83% para 2028.
A expectativa para a taxa Selic ao fim de 2025 foi mantida em 15,00%, sinalizando que os analistas não esperam novos ajustes na política monetária no curto prazo. O mesmo vale para 2026 (12,50%), 2027 (10,50%) e 2028 (10,00%).
No câmbio, o dólar deve encerrar 2025 em R$ 5,70, ligeiramente abaixo da estimativa anterior (R$ 5,72). Para os anos seguintes, as projeções indicam estabilidade, com leve tendência de queda no curto prazo.
Focus traz PIB em alta moderada
A projeção para o PIB de 2025 foi mantida em 2,21%, refletindo uma expectativa de crescimento moderado, sustentado principalmente pelo setor de serviços. Para 2026, a estimativa subiu de 1,85% para 1,87%, enquanto os números de 2027 e 2028 continuam estáveis em 2,00%.
O Focus desta semana também trouxe ajustes discretos nas projeções fiscais. A estimativa para o resultado primário de 2025 passou de -0,60% para -0,59% do PIB, indicando leve melhora nas contas públicas. O déficit nominal segue em -8,83%.
A dívida líquida do setor público permanece em 65,80% do PIB em 2025, mas sobe levemente em 2028, de 76,00% para 76,13%.
Na frente externa, a previsão para o déficit em conta corrente continua em US$ 56,70 bilhões para este ano. Já a projeção da balança comercial caiu de US$ 74,00 bilhões para US$ 73,00 bilhões, reforçando sinais de menor dinamismo nas exportações. Os investimentos diretos no país permanecem estáveis em US$ 70 bilhões para 2025.
Focus no radar: inflação resistente barra para corte da Selic
Para o economista Maykon Douglas, os dados da semana passada reforçam o cenário de inflação ainda resistente em 2025. “As leituras do IPCA-15 e do IGP-M mostraram uma surpresa inflacionária negativa, especialmente no caso do IGP-M, cuja mediana despencou mais de 1,3 ponto percentual em apenas uma semana. Apesar da composição mais benigna da inflação subjacente, ainda há um longo caminho até a plena descompressão da inflação corrente e das expectativas, que seguem desancoradas”, afirma. Segundo ele, essas leituras mantêm o ambiente restritivo, mas não inviabilizam um corte da Selic ainda este ano. Em relação ao câmbio, Maykon segue com projeção de dólar a R$ 5,70, apontando que o espaço para quedas adicionais é limitado, dada a resiliência da economia americana e a possível frustração com medidas fiscais no Brasil.