O Ibovespa fechou esta sexta-feira (27) em queda de 0,18%, aos 136.866 pontos, em mais um pregão marcado pela volatilidade. Apesar do clima de maior otimismo no exterior — motivado pelo fim do conflito entre Israel e Irã, pelo acordo entre Estados Unidos e China sobre terras raras e por dados econômicos positivos nos EUA — o principal índice da B3 não conseguiu acompanhar o bom desempenho das bolsas americanas.
Segundo o economista e planejador financeiro Fabio Louzada a cautela do Ibovespa está ligada ao cenário doméstico. “A derrubada do decreto do IOF preocupa os investidores quanto à capacidade do governo de aumentar sua arrecadação. Esse fator gera instabilidade e impede o Ibovespa de seguir o movimento de alta no exterior”, afirmou Louzada.
Cenário internacional impulsiona otimismo global
Nos mercados globais, o sentimento foi mais positivo. O índice de sentimento do consumidor nos Estados Unidos, medido pela Universidade de Michigan, subiu para 60,7 em junho, superando as expectativas. Além disso, o dado do índice de preços de gastos com consumo (PCE) subiu apenas 0,1% em maio, dentro das previsões, o que reforça a perspectiva de cortes de juros pelo Federal Reserve nos próximos meses.
O alívio geopolítico, com o encerramento do conflito entre Israel e Irã, também contribuiu para a queda do ouro — tradicional ativo de proteção — e para o recuo do dólar, que fechou o dia cotado a R$ 5,48, com queda de 0,29%.
Commodities e ações em destaque
Com a valorização do minério de ferro na China, ações ligadas ao setor de mineração tiveram bom desempenho: Vale (VALE3), Usiminas (USIM5) e CSN Mineração (CMIN3) encerraram o dia em alta.
Por outro lado, os preços do petróleo tipo Brent e WTI recuaram, o que afetou negativamente os papéis da Petrobras (PETR3/PETR4), Petroreconcavo (RECV3) e PRIO (PRIO3). Esta última, no entanto, amenizou perdas após o Itaú BBA reiterar recomendação de compra e elevar o preço-alvo de R$ 56 para R$ 62.
Incerteza fiscal segue no radar
O mercado segue atento aos desdobramentos do embate jurídico em torno do decreto que aumentava as alíquotas do IOF. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter a decisão do Congresso que derrubou o decreto. A movimentação é acompanhada com cautela pelos agentes financeiros, que enxergam riscos à estabilidade fiscal.
Além disso, analistas já projetam que o governo poderá buscar cortes em outras áreas para compensar o impacto no orçamento, caso não consiga restabelecer o aumento do IOF.
Perspectivas para a próxima semana
A expectativa é de que a volatilidade continue. “Na próxima semana, o mercado estará focado em novidades sobre o decreto do IOF e nas tentativas do governo para reverter a decisão. Também será importante observar de onde virão os recursos para cobrir o rombo fiscal”, conclui Fabio Louzada.