A derrubada dos decretos que elevavam o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), reacendeu a atenção do mercado para o ambiente político-econômico do país e, principalmente, para as estratégias de alocação internacional. A medida revoga a tentativa do governo de aumentar as alíquotas sobre operações cambiais, e representa a primeira vez, desde 1992, que um decreto presidencial perde validade por decisão direta do Congresso Nacional. Com a reversão, voltam a valer as alíquotas anteriores: 0,38% para remessas de câmbio destinadas a investimentos no exterior e 1,1% para operações bancárias internacionais, como uso de cartão de débito no exterior.
Para Daniel Haddad, CIO da Avenue, a decisão do Congresso representa não apenas um alívio para os investidores, mas também uma oportunidade concreta. “Essa reversão traz alívio para o mercado, mas também joga luz em algo importante, que é a instabilidade do cenário político-econômico no Brasil. O cenário pode mudar muito rápido, sem aviso”, afirma o executivo.
Segundo Haddad, o episódio mostra como decisões que afetam diretamente o bolso dos investidores podem ser tomadas, e revertidas, com rapidez e sem previsibilidade. Por isso, ele recomenda que quem pretende internacionalizar o patrimônio aproveite o momento atual, com a tributação ainda mais branda. “É uma excelente oportunidade para quem quer começar a diversificar ou ampliar os investimentos no exterior”, ressalta.
Investimentos no exterior em foco: derrota simbólica para o Planalto, sinal de alerta para o investidor
Apesar de o governo ter tentado conter a reação do Congresso editando um novo decreto com alíquotas menores, o movimento não foi suficiente para reverter a insatisfação dos parlamentares. A derrota representa um desgaste na relação entre os Poderes e gera dúvidas sobre a capacidade de articulação política do Executivo.
Do ponto de vista fiscal, a reversão também implica na frustração de uma receita de cerca de R$ 10 bilhões, inicialmente estimada com o aumento do IOF. O episódio levanta um debate mais amplo sobre os limites da arrecadação por meio de decretos presidenciais e o desafio de compatibilizar a busca por equilíbrio fiscal com a estabilidade regulatória e tributária.
Caso do IOF alerta para a busca por proteção e investimentos no exterior
Para Daniel Haddad, a instabilidade reforça a necessidade de o investidor pensar em estratégias que reduzam a exposição ao risco político doméstico. “Quem já tem parte do patrimônio no exterior deve considerar aumentar a fatia. E quem ainda não começou, deveria aproveitar essa janela”, orienta.
A Avenue, que atua no segmento de investimentos internacionais, observa uma crescente demanda por informações e produtos que permitam aos brasileiros acessar ativos globais. “Não sabemos qual será a reação futura do governo. Por isso, o planejamento patrimonial com visão internacional deve ser parte da estratégia de qualquer investidor”, conclui Haddad.