Investidores europeus têm sete ações do varejo brasileiro no radar: Renner, Mercado Livre, Raia Drogasil, Assaí, SmartFit, C&A e Azzas. As informações foram divulgadas no último domingo (22), em relatório do BTG, e a análise foi realizada acerca de feedbacks de reuniões com investidores da Europa sobre papéis brasileiros. O documento, assinado pelos analistas Luiz Guanais, Yan Cesquim e Pedro Lima, informa que o sentimento perante ao varejo permanece de cautela de forma geral, mas que o apetite está aumentando sobre algumas empresas com “resiliência estrutural, bom desempenho recente e ações com preço atrativo”. Segundo o banco, na comparação com a reunião realizada em março, as discussões sobre o setor estão mais aprofundadas e há sinais de reposicionamento dos portfólios de ações, com “nomes do varejo no radar.”
Embora ainda não haja uma mudança generalizada – ou uma grande migração de recursos para o setor – a percepção dos fundos em relação ao varejo brasileiro está mais positiva que no início do ano. Conforme o BTG, os fundos estão evidenciando que diferenciam empresas que estão com bom desempenho operacional daquelas que têm dificuldades para recuperar margens ou manter participação de mercado. “Várias reuniões indicaram haver reinvestimentos parciais em algumas ações específicas do varejo”, afirmou o banco. “No entanto, novas altas vão depender de uma melhora no cenário macroeconômico e das projeções de lucro.” As ações recomendadas da instituição são Smartfit e Mercado Livre, por apresentarem “crescimento consistente”. Além delas, C&A, Renner e Azzas também são recomendadas pelo “bom desempenho esperado no curto prazo”.
Etre as empresas recomendadas, as discussões sobre a Renner giraram em torno dos ganhos de margem bruta e a capacidade de retomar o crescimento da receita após um sólido primeiro trimestre. Os resultados foram bem recebidos, mas muitos investidores questionaram a capacidade de a varejista manter o poder de precificação em meio à crescente concorrência internacional, especialmente de plataformas asiáticas (como Shein, Aliexpress, Shopee e a novata Temu). A perspectiva macroeconômica mais desafiadora no segundo semestre, segundo eles, é a taxa de juros. De modo geral, o viés dos investidores é construtivo e “sustentado pelas melhorias na execução, força da marca e balanço desalavancado”.
Já o Mercado Livre segue entre as posições mais consensuais nos portfólios. Porém, há receio quanto a decisão recente de reduzir o valor mínimo para frete grátis no Brasil para compras a partir de R$ 19. “Levou alguns investidores a reduzirem sua exposição”, afirmou o banco via relatório. A preocupação principal está no impacto nas margens de curto prazo e a possibilidade de mudança redução do tíquete médio. Apesar disso, o BTG afirma que a visão a longo prazo sobre a empresa permanece intacta – ainda que a diluição de margem seja uma preocupação, a maioria dos investidores está disposto a tolerar a volatilidade de curto prazo, contanto que o crescimento do volume bruto de mercadorias (GMV) e o engajamento dos usuários se mantenham firmes.
O Assaí também chamou a atenção dos investidores, mas, menos do que nas reuniões dos últimos trimestres. As conversas tiveram foco na implementação de pontos de venda, produtividade das lojas tradicionais e tendências recentes vendas nas mesmas lojas (ou seja, aquelas abertas há mais de 12 meses). “O sentimento dos investidores continua favorável à sua trajetória de desalavancagem”, afirmou o documento.
PONTO DE ATENÇÃO – Em contraste, os fundos estão mais cautelosos com o grupo RD Saúde (Raia Drogasil). “Embora seja mantida a atratividade a longo prazo, as preocupações de curto prazo predominam.” Segundo o relatório, os pontos de atenção são: a pressão sobre as margens, o mix de vendas mais fraco com a concorrência mais acirrada no e-commerce nos segmentos de produtos de higiene e cuidados pessoais, além da venda de medicamentos isentos de prescrição. Para a farmacêutica, os investidores esperam uma estabilização das margens e uma retomada do desempenho de vendas nas mesmas lojas antes de voltarem a investir, especialmente nos níveis de valuation atuais.
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