A última semana de junho começa com os mercados globais em alerta, após os Estados Unidos realizarem ataques a instalações nucleares no Irã no sábado. Apesar da gravidade do evento, os mercados asiáticos abriram com perdas moderadas nesta segunda-feira. O petróleo Brent subiu cerca de 5%, sendo negociado pouco acima de US$ 80 por barril, abaixo das previsões mais alarmistas que indicavam a possibilidade de avanço até US$ 100, caso a crise no Oriente Médio se intensifique.
Investidores seguem atentos à resposta do Irã. A maior preocupação gira em torno de um possível fechamento do Estreito de Ormuz, rota por onde passa cerca de 20% do petróleo global. O bloqueio da região poderia desencadear uma crise energética com efeitos inflacionários diretos sobre as principais economias do mundo. Até o momento, não houve reações hostis confirmadas, e o mercado monitora o fluxo de energia e a estabilidade regional, buscando ativos de segurança como dólar e Treasuries — mas sem sinais de pânico.
No ambiente doméstico e econômico, a semana será guiada por eventos decisivos para a política monetária global. No Brasil, a atenção se volta para a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e do Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central. Nos Estados Unidos, os investidores acompanham os depoimentos do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no Congresso, além da divulgação do PIB revisado do primeiro trimestre e do índice PCE, preferido pela autoridade monetária americana.
Segundo Francisco Alves, operador de mercado e comentarista da BM&C News, a semana começa com a tradicional divulgação do Boletim Focus, com novas projeções para inflação, juros, câmbio e PIB. “A ata do Copom, que sai na terça-feira, vai trazer uma leitura mais ampla da decisão da última reunião, quando a Selic foi elevada de 14,75% para 15%. Muitas dúvidas deverão ser resolvidas com esse documento”, afirmou.
Na quarta-feira, Powell será sabatinado na Câmara dos Representantes e, na quinta-feira, prestará depoimento no Senado dos Estados Unidos. “Essas falas serão decisivas para entender o rumo da política monetária americana”, comentou Alves. O mercado também estará atento à terceira leitura do PIB dos EUA, na quinta-feira, e ao índice PCE, na sexta, que mede a inflação sob a ótica do consumo e é um dos principais termômetros avaliados pelo Fed.
Além disso, o Brasil divulga o IPCA-15, o IGP-M de junho, os dados da PNAD Contínua e o CAGED. O Banco Central também publica as estatísticas de transações correntes e investimento direto no país. “É uma semana carregada de dados relevantes, com atenção redobrada ao câmbio e aos preços das commodities, especialmente após os últimos desdobramentos no Oriente Médio”, completou Alves.
Na Europa, destaque para os PMIs da França, Alemanha, Reino Unido e Zona do Euro, além dos dados de confiança do consumidor e do CPI preliminar. No Japão, saem o CPI, taxa de desemprego e dados de varejo. No México, o banco central decide sobre a taxa de juros na quinta-feira.
Nos Estados Unidos, além da agenda de Powell, também serão divulgados o PMI composto da S&P Global, dados de imóveis, bens duráveis, pedidos de seguro-desemprego, renda e gastos pessoais, além da pesquisa de confiança do consumidor da Universidade de Michigan e as expectativas de inflação de um e cinco anos.
Diante desse conjunto de eventos econômicos e geopolíticos, os mercados globais operam sob forte sensibilidade a novas declarações, dados e movimentos estratégicos, principalmente em relação à resposta do Irã e seus possíveis impactos sobre os fluxos de energia e os preços das commodities.
Veja mais notícias aqui. Acesse o canal de vídeos da BM&C News.