O Federal Reserve (Fed) a manutenção da taxa de juros no intervalo de 4,25% a 4,50%, seguindo o esperado pelo mercado. Esta foi a quarta reunião consecutiva em que a autoridade monetária dos Estados Unidos optou por não realizar alterações na taxa básica de juros. No entanto, a decisão veio acompanhada de um comunicado que trouxe importantes atualizações nas projeções econômicas, que refletem as expectativas de um cenário mais desafiador para o crescimento, mas ainda com perspectiva de cortes nos juros em 2025.
Em sua análise, William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, comentou que a principal novidade da decisão foi a mudança no tom do Fed em relação às incertezas econômicas. “Antes, o Fed apontava que as incertezas para o futuro da economia tinham aumentado, mas agora reconhece que essas incertezas diminuíram, embora ainda permaneçam elevadas“, destacou Alves. O economista chamou atenção para o impacto nas projeções de crescimento, com o Fed reduzindo sua estimativa para o PIB de 2025 de 1,7% para 1,4%. Já as projeções para a inflação também sofreram ajustes, subindo de 2,7% para 3% para o ano de 2025. “Esses ajustes são indicativos de um cenário que pode ser cada vez mais caracterizado como estagflação“, observou Alves, referindo-se à combinação de crescimento econômico mais lento e inflação mais alta.
Apesar da mudança nas projeções econômicas, o Fed ainda prevê dois cortes de juros em 2025, o que indica que, mesmo com um cenário mais desafiador, a política monetária deve continuar voltada para o controle da inflação, sem pressa para realizar ajustes abruptos na taxa de juros. Para Alves, essa previsão de cortes sinaliza uma confiança por parte do Fed na capacidade de controlar a inflação sem prejudicar excessivamente o crescimento econômico.
Diretores do Fed têm maior alinhamento sobre juros
Outro ponto relevante apontado por Alves foi o aumento no número de diretores do Fed que se mostraram contrários a novos cortes de juros, especialmente em 2025. “Em março, eram 4 diretores que se opunham a cortes. Agora, são 7. Isso reflete um crescente ceticismo em relação à necessidade de mais reduções na taxa, o que mostra uma mudança no consenso dentro do Comitê“, afirmou o economista. Alves ressaltou que essa mudança será um ponto crucial a ser monitorado nas próximas reuniões do Fed, pois poderá influenciar o rumo das políticas monetárias e as expectativas do mercado.
No mercado financeiro, a reação foi mista. Enquanto os yields dos títulos de dívida cederam levemente, indicando uma possível acomodação nas expectativas de juros, o índice do dólar também caiu de forma modesta, refletindo uma resposta cautelosa dos investidores. “O mercado reagiu de forma neutra, com as bolsas americanas apresentando uma leve alta no dia da decisão, mantendo o tom de expectativa em relação ao futuro da política monetária“, explicou Alves.