O mercado de capitais brasileiro registrou um expressivo crescimento nas emissões de debêntures incentivadas, com um aumento de 39,3% nos primeiros cinco meses de 2025, em comparação ao mesmo período do ano anterior. De janeiro a maio, as empresas captaram R$ 62,5 bilhões por meio deste instrumento, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Em maio, o volume captado por meio das debêntures incentivadas foi de R$ 8,9 bilhões, abaixo da média mensal de 2025, que se mantém em R$ 12,5 bilhões. Os recursos captados com as debêntures incentivadas têm sido direcionados principalmente para setores estratégicos da infraestrutura. O setor de transporte e logística recebeu 36,7% dos recursos, seguido de perto por energia elétrica, que ficou com 35,3%. O setor de saneamento também teve destaque, com 11,6%, enquanto TI e telecomunicações ficaram com 9% do total. Esses dados demonstram a importância das debêntures incentivadas para o financiamento de grandes projetos de infraestrutura no Brasil, fundamentais para o desenvolvimento do país.
Prazo médio de vencimento e mercado secundário de debêntures
O prazo médio de vencimento das debêntures incentivadas é superior ao das debêntures tradicionais, com uma média de 13,2 anos, contra 9,2 anos nas emissões gerais. Esse prazo mais longo é visto como uma vantagem para os investidores, pois oferece maior previsibilidade e estabilidade para o financiamento de projetos de longo prazo.
No mercado secundário, as debêntures incentivadas também tiveram um bom desempenho, com R$ 133,9 bilhões movimentados, o que representa um crescimento de 37% nas negociações. Esse aumento nas transações secundárias sinaliza o crescente interesse do mercado por esse tipo de ativo, especialmente em um ambiente de taxas de juros elevadas, como o atual.
Juros altos e o crescimento do interesse por Debêntures incentivadas
Filipe Ferreira, diretor de negócios da Comdinheiro/Neológica, destacou que as altas taxas de juros impactam diretamente o o aumento do interesse em debêntures incentivadas. Segundo ele, “as empresas estão buscando a desintermediação bancária, o que é muito saudável para o mercado financeiro, e, por outro lado, os investidores estão cada vez mais atraídos por produtos de renda fixa, especialmente as debêntures incentivadas, que oferecem isenção de IR e têm se tornado um ativo bastante apreciado no Brasil.”
Ferreira ressaltou, no entanto, que o mercado deve manter cautela em relação a possíveis mudanças legislativas que possam afetar a emissão desses títulos, como ocorreu com a LCI. “Embora o apetite por esse tipo de ativo seja muito positivo, é importante acompanhar possíveis surpresas legislativas que possam prejudicar a emissão desses produtos“, completou. Para ele, o cenário atual traz uma maturidade tanto para investidores quanto para as empresas que estão acessando crédito por esse meio.