Em um cenário de volatilidade global e incertezas econômicas, a queda do dólar, que recentemente chegou a fechar abaixo de R$ 5,50, tem dominado os debates entre economistas e investidores. A moeda americana, que chegou a atingir patamares elevados em 2020, apresenta agora uma janela de oportunidade para aqueles que buscam proteger seu patrimônio. Contudo, a situação não é simples, como explica o economista Bruno Corano, em entrevista ao BM&C News.
Corano observa que, apesar da recente desvalorização do dólar frente ao real, o movimento não é suficiente para afirmar que a moeda americana se tornará “barata” no curto prazo. O economista destaca que, se o Brasil tivesse feito a lição de casa nos últimos anos, o valor do dólar no Brasil poderia estar em torno de R$ 4,30. A diferença entre esse valor projetado e os atuais R$ 5,50 sugere que ainda há um “prêmio” em relação ao valor ideal da moeda, criando uma janela de oportunidade para os brasileiros que buscam enviar recursos para fora.
“Se o Brasil tivesse feito a lição de casa, o dólar estaria muito mais barato. No entanto, o atual patamar ainda reflete um cenário interno instável“, explica Corano. Para ele, a queda do dólar é um reflexo das incertezas políticas nos Estados Unidos, com o governo de Trump implementando políticas fiscais expansivas que enfraquecem a credibilidade da economia americana.
O impacto do governo americano e as perspectivas para o real
Apesar da tentativa de desvalorização do dólar pelo governo americano, a medida não tem sido fácil de implementar, devido a uma série de fatores globais e internos. Corano acredita que o enfraquecimento do dólar não será duradouro, especialmente frente ao real. O economista lembra que o dólar forte tem impactos negativos na economia americana, mas essa não é uma questão simples de resolver, principalmente quando os Estados Unidos enfrentam desafios fiscais.
“A relação entre o dólar e o real tende a ser mais influenciada pelos problemas internos do Brasil do que pelas políticas externas do governo americano“, afirma Corano.
Busca por proteção em dólar: um reflexo das incertezas
Corano destaca que, diante de um cenário global incerto, a busca por ativos em dólares, como uma forma de proteger o patrimônio, continua sendo uma estratégia atrativa para os brasileiros. O aumento das incertezas políticas e econômicas nos Estados Unidos tem gerado um ambiente de procura por mercados alternativos, o que mantém o dólar em uma posição de força, embora sem uma valorização significativa no curto prazo.
Apesar da recente queda do dólar, Corano acredita que o real pode sofrer com uma eventual valorização da moeda americana no médio e longo prazo. Segundo o economista, o governo brasileiro ainda enfrenta desafios estruturais que podem resultar em uma pressão sobre a moeda brasileira.
“Esse momento de baixa procura pelo dólar é uma oportunidade, mas não acho que ele vai se manter nesse patamar por muito tempo. A tendência é que o dólar se aprecie frente ao real no futuro“, conclui Corano.
Com a instabilidade econômica tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, o futuro do dólar e do real permanece incerto. No entanto, a atual janela de oportunidade pode ser um bom momento para os brasileiros diversificarem seus ativos e se prepararem para os desafios econômicos que ainda estão por vir.