Na véspera da chamada Super Quarta, a economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória, avalia que o Banco Central não precisa elevar a Selic na reunião do Copom desta semana. Em entrevista à BM&C News, ela destacou que os dados recentes de inflação e atividade já indicam desaceleração suficiente para justificar a manutenção da taxa em 14,75% ao ano.
“A política monetária tem defasagem. Boa parte da alta de juros recente ainda não foi absorvida pela economia. Além disso, a inflação de maio veio mais amena e os dados de atividade de abril já mostram desaceleração”, afirmou Rafaela.
Sinais mistos, mas cenário favorece manutenção da Selic
Embora reconheça que as expectativas de inflação seguem desancoradas, a economista aponta que já há sinais de melhora e que o segundo semestre tende a ser mais benigno. “Esperamos um semestre com inflação em queda. Isso reduz a necessidade de novas altas agora”, completou.
Rafaela lembra que o próprio presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmou recentemente que ainda existe debate interno sobre o ciclo de alta, mas que uma eventual elevação de 0,25 ponto percentual seria mais um gesto simbólico, com tom mais duro no comunicado, do que uma ação com impacto direto no combate à inflação.
Mercado dividido sobre Selic e cenário internacional influencia
Atualmente, o mercado está dividido entre manutenção e alta: cerca de 70% das apostas projetam Selic estável e 30% ainda precificam uma possível alta de 25 pontos-base, segundo estimativas compiladas pela economista.
Apesar dos conflitos no Oriente Médio e da volatilidade nas commodities, Rafaela vê o cenário externo como relativamente favorável ao Brasil no curto prazo. “O câmbio está mais forte e há uma tendência de desinflação global, especialmente em bens industriais, o que também ajuda no processo doméstico de queda de preços.”