O professor de Negócios Internacionais da PUC-PR, João Nyegrey, alertou que o atual cenário geopolítico mundial é marcado por fragmentação e disputas de poder em múltiplos polos, exigindo que o Brasil adote uma postura mais estratégica para proteger sua economia e ampliar sua influência global.
Durante entrevista à BM&C News, Nyegrey afirmou que a ideia de uma ordem internacional estável, centralizada em grandes potências, já ficou para trás. “Não há nenhuma sinalização de que voltaremos a ter uma ordem global unificada como nos anos 1990 ou mesmo até a crise de 2008. O que temos agora é uma multipolaridade marcada pela disputa, e o Brasil precisa se adaptar a isso”, destacou.
Brasil precisa incluir riscos geopolíticos no planejamento de setores estratégicos
Questionado sobre a preparação de líderes empresariais e formuladores de políticas públicas no Brasil, Nyegrey foi direto: falta atenção aos riscos geopolíticos e às implicações de choques internacionais. Ele defende que setores industriais e comerciais adotem planos de contingência e diversifiquem mercados, como forma de mitigar impactos de crises externas.
“Empresários e líderes de setores estratégicos precisam considerar esses riscos como parte da realidade. E isso passa por rever decisões de investimento, rotas comerciais e até dependência de determinados mercados”, explicou.
Diversificação e presença global: papel estratégico do Brasil
Para o professor, o Brasil ainda não ocupa o papel que poderia no cenário internacional. “Não faz sentido o quinto maior país do mundo ser apenas o 26º maior exportador global. É uma contradição gritante”, afirmou. Segundo ele, a falta de protagonismo econômico está diretamente ligada a gargalos internos e escolhas equivocadas na alocação dos recursos públicos.
“O Brasil deveria ser uma economia de 7 ou 8 trilhões de dólares, mas continua limitado por decisões que não priorizam o investimento produtivo nem o comércio exterior como política de Estado”, criticou.