A menos de duas semanas da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os dias 17 e 18 de junho, o mercado financeiro passou a precificar majoritariamente uma elevação de 0,25 ponto percentual na taxa Selic. Segundo o Índice Equus de Precificação da Selic (IEPS), elaborado pela Equus Capital com uso de inteligência artificial, essa possibilidade saltou para 75%, contra apenas 21,1% de chance de manutenção dos juros no patamar atual.

IEPS x Focus: como o mercado realmente vê a Selic
Diferentemente do Boletim Focus, que calcula a mediana das projeções de mais de 120 instituições financeiras, o IEPS estima a real probabilidade implícita nos contratos futuros de Copom. A metodologia, segundo Felipe Uchida, sócio da Equus Capital e responsável pelo departamento de análises quantitativas, permite capturar a mudança de humor do mercado com maior precisão.
“O IEPS aponta um reposicionamento claro. O mercado passou a considerar mais seriamente um aperto monetário adicional, principalmente com base no crescimento do PIB e na resiliência do mercado de trabalho”, explicou Uchida.
Cenário externo adiciona cautela à decisão do Copom
Além dos fatores domésticos, o ambiente internacional também contribui para a postura mais cautelosa dos agentes. “A guerra comercial dos Estados Unidos e os dados econômicos mais fracos por lá reforçam a percepção de risco, o que impacta diretamente a política monetária no Brasil”, afirma Uchida.
O número de contratos em aberto nas opções do Copom também subiu na semana, passando de 3.002.649 para 3.444.647, o que, na leitura da Equus, reforça o reposicionamento do mercado. A probabilidade de uma alta de 0,50 ponto percentual, no entanto, continua baixa, em apenas 3,9%, sugerindo que o consenso gira em torno de uma elevação mais moderada.
Selic: mais que uma taxa, um termômetro da economia
A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ela influencia diretamente o custo do crédito, a rentabilidade de investimentos e o comportamento da inflação. Ao elevar a Selic, o Banco Central busca conter pressões inflacionárias; ao reduzi-la, visa estimular o consumo e a atividade econômica.
Com o avanço da inflação de serviços e o desaquecimento desigual de setores da economia, o Copom terá mais uma vez de calibrar com cuidado sua decisão — e o mercado já se posiciona.