A semana foi marcada por um ambiente de incerteza nos mercados globais, refletindo tensões comerciais, dados mistos nos Estados Unidos e expectativas sobre o cenário fiscal brasileiro. Para o mercado, o momento ainda é de cautela, com os investidores preferindo aguardar definições antes de assumirem novas posições de risco.
Segundo Marco Prado, operador de mercado e apresentador do Pre-Market na BM&C News, a guerra tarifária segue como o principal fator de atenção. “Enquanto não há clareza sobre o impacto dessas medidas, o mercado internacional segue sem viés definido”, afirma.
Nos Estados Unidos, o relatório de empregos (payroll) de maio apresentou criação de 139 mil vagas, acima das projeções, mas não suficiente para alterar a postura do Federal Reserve. “A economia americana mostra desinflação lenta e desemprego ainda sob controle. Isso reforça a postura do Fed de aguardar mais dados antes de mexer nos juros”, analisa Prado.
Outro dado relevante foi a balança comercial dos EUA, que mostrou queda nas importações. Para o mercado, isso pode sinalizar uma desaceleração global. Já no front corporativo, o embate entre Elon Musk e Donald Trump após a proposta de cortar incentivos para carros elétricos levou as ações da Tesla a uma queda de 14%, afetando momentaneamente o humor do mercado acionário.
Na Europa, o Banco Central Europeu cortou juros pela oitava vez consecutiva. A queda nos preços de energia tem permitido um processo de desinflação, ajudando o mercado europeu a manter uma postura mais otimista. Na Ásia, o destaque foi o índice sul-coreano KOSPI, que teve a maior alta da região após a vitória do partido de oposição nas eleições parlamentares.
Mercado brasileiro sente impacto fiscal, mas fluxo estrangeiro segue firme
No Brasil, o mercado financeiro foi influenciado por dois vetores: o fluxo positivo de capital estrangeiro e a insegurança fiscal. “O dólar recuou para próximo de R$ 5,60, com o aumento do interesse internacional por ativos locais.”, explica Marco Prado.
A cautela aumentou com rumores sobre uma possível estratégia do governo envolvendo a Petrobras para melhorar a arrecadação, o que impactou fortemente os papéis da estatal. O setor financeiro também sofreu, contribuindo para a queda do índice Bovespa na semana.
Apesar disso, o mercado já precificou que a proposta fiscal que será apresentada pela equipe econômica não trará surpresas positivas. “Se não for desastrosa, o mercado pode reagir bem nos próximos dias, especialmente com o dólar testando consistentemente níveis abaixo de R$ 5,60”, projeta Prado.