Em maio, o payroll dos Estados Unidos apontou a criação de 139 mil vagas de emprego, superando a expectativa do mercado, que era de 125 mil. Apesar do resultado acima do esperado, o dado representa uma desaceleração em relação a abril, quando foram criadas 147 mil vagas.
Além disso, o relatório de payroll trouxe revisões significativas nos meses anteriores: os dados de março, inicialmente estimados em 185 mil postos, foram corrigidos para 120 mil, sinalizando uma possível perda de fôlego no mercado de trabalho americano.
A taxa de desemprego permaneceu estável em 4,2% no mês, com 7,2 milhões de pessoas desempregadas. Embora o número indique estabilidade, ele revela uma economia que ainda enfrenta desafios para manter o ritmo de contratações visto no início do ano.
Payroll traz participação na força de trabalho em 62,4%
Segundo o mesmo relatório de payroll, a taxa de participação da força de trabalho ficou em 62,4%, enquanto o indicador de emprego-população foi de 59,7%. Esses percentuais mostram uma leve distância do nível de pleno emprego, mas seguem próximos das médias históricas dos EUA.
Os ganhos médios por hora chegaram a US$ 36,24, representando uma alta de 0,4% na base mensal e de 3,9% em relação a maio de 2024. A alta nos salários, segundo analistas, reforça o alerta para potenciais pressões inflacionárias — fator de atenção constante para o Federal Reserve (Fed).
Payroll será decisivo na condução da política monetária
O comportamento do payroll é uma das variáveis centrais na formulação da política monetária dos EUA. Com salários em elevação e o mercado de trabalho ainda resiliente, o Fed pode adotar uma abordagem mais cautelosa nas próximas reuniões, mantendo os juros elevados por mais tempo até que haja sinais mais claros de desaceleração.
Além do Payroll: a opinião dos especialistas
Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, o resultado do payroll indica um mercado de trabalho menos aquecido, apesar da criação de vagas acima do esperado. “A taxa de desemprego estável e o crescimento dos salários em 3,9% ao ano mostram um cenário com o qual o Fed pode conviver sem grandes pressões inflacionárias”, avaliou.
Cruz também chamou atenção para o impacto do setor público, que eliminou 22 mil postos em maio e acumula 59 mil vagas negativas no ano, além da baixa difusão de contratações entre os setores da economia. Segundo ele, com lazer, restaurantes e saúde sendo os principais motores de emprego, há espaço para pelo menos um corte de juros ainda este ano, embora o mercado deva aguardar as projeções atualizadas do Federal Reserve no próximo dia 18 para entender a direção da política monetária.
Já para Fábio Fares, especialista em análise macro, o payroll de maio reforça a leitura de que o mercado de trabalho americano está perdendo tração de forma gradual, mas ainda consistente o suficiente para manter o Federal Reserve em modo de espera. “Não é um relatório que aponte recessão, mas os sinais de desaceleração estão se acumulando: revisões negativas, setor público cortando vagas e queda na taxa de participação. Ao mesmo tempo, os salários seguem pressionando a inflação de serviços. Isso cria um dilema para o Fed, que precisa equilibrar os sinais de moderação com a resiliência da inflação”, afirmou. Segundo Fares, o atual estágio do mercado de trabalho permite a discussão sobre cortes de juros no segundo semestre, mas com cautela e sem pressa.
















