A recente pesquisa que aponta 61% de rejeição ao governo Lula reacendeu o debate sobre o risco de adoção de medidas populistas. Para o economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung, o governo pode intensificar gastos públicos e ações pontuais para reverter a desaprovação popular — movimento que colocaria ainda mais pressão sobre o equilíbrio fiscal do país.
Pacote de arrecadação do governo ataca sintomas, não as causas
O pacote econômico ventilado pelo governo tem foco na arrecadação: inclui antecipação de dividendos do BNDES, tributação de petróleo, taxação de apostas e até criptomoedas. “Pode até gerar fôlego imediato, mas não resolve o problema estrutural dos gastos públicos”, avaliou Sung em entrevista à BM&C News.
Sung destaca que a oportunidade para promover reformas estruturantes é limitada. “Temos dois ou três meses antes de o ciclo eleitoral se intensificar, o que reduz a viabilidade política para mudanças mais duras”, afirmou. Com o início das movimentações políticas no quarto trimestre, a tendência é de ampliação do uso da máquina pública para tentar conter a reprovação.
Medidas populistas do governo podem comprometer responsabilidade fiscal
O economista menciona tentativas recentes do governo como o crédito para motociclistas de aplicativo, isenções na conta de luz e até rumores de aumento no Bolsa Família — embora negados posteriormente — como indícios da busca por soluções com apelo popular. “É nesse contexto que o risco fiscal aumenta, especialmente se não houver contrapartidas de corte de gastos”, alertou.
Para Gustavo Sung, a única forma de gerar impacto positivo no risco-país e atrair confiança dos investidores é um plano fiscal claro, transparente e duradouro. “O mercado espera previsibilidade. Sem reformas estruturais, a meta de 2025 continuará sob pressão e o país pode pagar o preço em credibilidade e em desempenho dos ativos financeiros”, concluiu.
















