O Brasil registrou um crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,4% no primeiro trimestre de 2025, um resultado que superou as expectativas do mercado. De acordo com o levantamento da Austin Rating, essa evolução fez o país subir da 16ª para a 5ª posição no ranking global de crescimento do PIB, evidenciando um avanço importante na performance econômica nacional.
Setores que impulsionam o crescimento do PIB
Especialistas apontam que o desempenho do PIB foi puxado principalmente pelos setores de serviços e agronegócio, enquanto a indústria permanece estagnada. Pedro Ros, CEO da Referência Capital, ressalta que apesar da resiliência do PIB, a elevada taxa de juros freia o investimento produtivo e o consumo das famílias, limitando o potencial de crescimento sustentável.
“O crescimento foi puxado pelo setor de serviços e pelo agronegócio, enquanto a indústria segue estagnada. A taxa de juros elevada continua freando o investimento produtivo e o consumo das famílias, o que indica que o fôlego da economia pode ser limitado nos próximos trimestres. O resultado mostra resiliência, mas não altera o diagnóstico estrutural: sem equilíbrio fiscal e sem ambiente de confiança, o Brasil seguirá crescendo abaixo do seu potencial. Para o mercado, o dado é positivo, mas não muda o cenário de cautela” destaca Ros.
Eficiência e produtividade para sustentar o crescimento do PIB
Jorge Kotz, CEO da Holding Grupo X, destaca que o crescimento modesto no setor de serviços, que concentra grande parte da atividade econômica, revela espaço para melhorias na eficiência e produtividade. Para manter o avanço do PIB nos próximos trimestres, ele defende investimentos em tecnologia, qualificação profissional e inovação.
“O avanço modesto de apenas 0,3% no setor de serviços, que concentra grande parte da atividade empresarial, indica que há espaço para melhorar a eficiência e a produtividade das empresas. Para sustentar o crescimento nos próximos trimestres, é fundamental investir em tecnologia, qualificação de profissionais e inovação nos modelos de negócios. Esses dados reforçam a necessidade de um ambiente de negócios mais competitivo e preparado para os desafios de médio e longo prazo“, comentou o CEO do Grupo X.
PIB resiliente, mas dependente de estímulos e ajustes fiscais
Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, reforça que o PIB brasileiro demonstra uma economia mais resiliente do que o esperado, com forte contribuição da agropecuária e recuperação dos serviços. Contudo, ele alerta que a taxa Selic elevada restringe a expansão do crédito e limita investimentos mais robustos, mantendo a necessidade de avanços fiscais para sustentar o crescimento do PIB.
“Apesar do ambiente ainda marcado por juros elevados, a taxa Selic não impediu o avanço da atividade, mas restringiu a expansão do crédito e os investimentos de maior fôlego, o que limita o potencial de aceleração mais prolongada. O resultado reforça a percepção de que a economia segue em rota positiva, embora ainda com ritmo moderado e sob forte dependência de estímulos setoriais e condições externas. Para o mercado, a leitura é de alívio no curto prazo, mas persistem cautelas quanto à sustentabilidade desse crescimento sem avanços no ambiente fiscal e redução dos juros.” analisou Brga.
Contexto internacional e perspectivas para o PIB brasileiro
O levantamento da Austin Rating, que analisou 61 países, mostrou uma média global de crescimento do PIB de 2,7%, enquanto as economias do G7 e da zona do euro tiveram desempenhos inferiores ao do Brasil. Entre os países do grupo BRICS, o crescimento médio foi puxado por Índia e China. Mesmo com a melhoria no ranking, o Brasil ainda precisa superar desafios estruturais para garantir um crescimento sustentável do PIB.
André Matos, CEO da MA7 Negócios, alerta para a forte dependência do agronegócio na composição do crescimento do PIB. Essa concentração suscita dúvidas sobre a sustentabilidade do ritmo atual no médio prazo, pois o agronegócio, apesar de ser um motor econômico robusto, pode sofrer impactos significativos devido a fatores climáticos e externos, o que pode tornar o crescimento menos consistente.
Já José Alfaix, economista da Rio Bravo Investimentos, destaca que, apesar do cenário desafiador de juros reais elevados, a economia brasileira demonstrou resiliência no primeiro trimestre. Segundo ele, a postura fiscal do governo, com medidas de estímulo ao crédito e programas sociais como o novo consignado CLT, Faixa 4 do MCMV e saque-aniversário do FGTS, contribuiu para manter o consumo e o mercado de trabalho aquecido, fatores que impulsionaram o crescimento econômico mesmo diante das adversidades.
Theo Braga, CEO da SME New Economy, reforça que, embora o PIB tenha crescido 1,4%, o avanço modesto de 0,3% no setor de serviços evidencia a necessidade de fortalecer esse segmento, que é vital para a geração de empregos e o dinamismo econômico. Para isso, ele defende investimentos em capacitação, inovação e um ecossistema empreendedor mais robusto, capazes de transformar o crescimento econômico em oportunidades concretas para as empresas e trabalhadores nos próximos trimestres.
“O setor de serviços, responsável por empregar a maior parte da população e servir como termômetro da atividade empresarial, avançou apenas 0,3%. Esse cenário reforça a importância de investir em capacitação prática, inovação e liderança para transformar o crescimento econômico em oportunidades concretas para as empresas. O país precisa de um ecossistema mais forte de empreendedorismo para sustentar esse ritmo e garantir avanços consistentes nos próximos trimestres” destaca Braga.