A B3, bolsa de valores do Brasil, anunciou nesta quarta-feira (28) que as ações da Azul (AZUL4) serão excluídas de todos os seus índices de referência, após a companhia protocolar pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, por meio do mecanismo conhecido como Chapter 11, equivalente à recuperação judicial no Brasil.
De acordo com comunicado da B3, a exclusão será feita com base nas diretrizes previstas no Manual de Definições e Procedimentos dos Índices da B3. As ações da Azul serão retiradas ao preço de fechamento do pregão regular desta quinta-feira, 29 de maio de 2025, e deixarão de compor os índices a partir do pregão da sexta-feira, dia 30.
“A Azul terá seus títulos excluídos dos índices IGCX, IBXX, IGCT, IBRA, IVBX, ISEE, ITAG, SMLL, IBXL, IDVR, IBHB, IBBR, IBEP, IBEW, IBBE, IBBC e IBOV, sendo sua participação redistribuída proporcionalmente aos demais integrantes da carteira, com o pertinente ajuste nos redutores”, afirmou a B3 em nota.
Apesar da exclusão dos índices, a negociação das ações da Azul será mantida normalmente, com os papéis passando a ser classificados como integrantes da categoria “Outras Condições”.
Azul em pedido de Chapter 11 nos Estados Unidos
Na madrugada desta quarta-feira, a Azul confirmou que iniciou o processo de recuperação judicial nos Estados Unidos. O objetivo da companhia é reestruturar dívidas e fortalecer sua posição financeira, com o apoio de credores, da maior arrendadora de aeronaves da empresa e dos parceiros estratégicos United Airlines e American Airlines.
Segundo o comunicado da empresa, a proposta já conta com acordos firmados com os principais stakeholders e prevê uma estrutura robusta de financiamento para viabilizar a operação durante o processo de reestruturação.
Entre os termos apresentados, destacam-se:
- Financiamento de US$ 1,6 bilhão, no formato debtor-in-possession (DIP), utilizado em processos de Chapter 11.
- Parte do valor será direcionada para refinanciar dívidas existentes.
- Cerca de US$ 670 milhões em nova liquidez serão disponibilizados para sustentar as operações da companhia durante a recuperação.
- Eliminação de mais de US$ 2 bilhões em dívidas da empresa.
- Possibilidade de até US$ 950 milhões em novos aportes de capital ao final do processo.
Contexto da Azul e impacto no mercado
A decisão da B3 de retirar os papéis da Azul de seus principais índices, incluindo o Ibovespa (IBOV), ocorre em um momento de forte atenção do mercado à saúde financeira das companhias aéreas, especialmente diante de um cenário macroeconômico desafiador, com dólar elevado, custo de combustível pressionado e instabilidade no setor.
Mesmo com a exclusão dos índices, os analistas destacam que o pedido de Chapter 11 pode representar uma oportunidade de reestruturação efetiva caso a Azul consiga executar os planos anunciados com o apoio dos parceiros e investidores envolvidos.
Especialista vê Chapter 11 como alternativa estratégica para Azul
Para Rodrigo de Oliveira Spinelli, advogado e sócio da Serviços Especialistas, o pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos por meio do Chapter 11 é uma estratégia comum entre companhias aéreas globais, pois permite reestruturar dívidas com
maior previsibilidade jurídica e acesso a financiamento protegido. “O Chapter 11 oferece um ambiente mais eficiente para negociações com credores e proteção de ativos essenciais, especialmente no setor de aviação, onde o arrendamento de aeronaves em moeda estrangeira costuma pressionar o caixa das empresas. No caso da Azul, o apoio prévio de parceiros estratégicos e a obtenção de crédito DIP fortalecem o processo e aumentam as chances de êxito da reestruturação”, avaliou.