O Brasil criou 257.528 vagas formais de emprego em abril de 2025, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (28) pelo Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). O número representa uma forte aceleração em relação a março, quando o saldo foi de 71.576 vagas, e também supera com folga a previsão de analistas, que esperavam a abertura de cerca de 151 mil postos.
De acordo com o Ministério do Trabalho, o resultado foi puxado principalmente pelo setor de serviços, que respondeu por 136.109 novas vagas — mais da metade do total do mês.
Desempenho de empregos por setor
Além dos serviços, todos os demais setores da economia também apresentaram saldos positivos de contratação:
- Comércio: +48.040 vagas
- Construção civil: +34.295 vagas
- Indústria geral: +35.068 vagas
- Agropecuária: +4.025 vagas
A expansão generalizada indica recuperação mais ampla da atividade econômica, sustentada por fatores como retomada do consumo, obras públicas e recomposição do estoque de trabalhadores em diversos segmentos.
Emprego no radar: saldo acumulado no ano e perspectivas
No acumulado de janeiro a abril de 2025, o Brasil já registra um saldo superior a 785 mil empregos formais criados, reforçando a tendência de recuperação gradual do mercado de trabalho. A expectativa é de que o segundo semestre mantenha ritmo positivo, impulsionado pela sazonalidade do comércio e eventuais estímulos do governo.
Apesar dos bons números, economistas alertam que a sustentabilidade do crescimento do emprego depende do avanço de reformas estruturais, como a tributária e a administrativa, além da estabilidade fiscal.
Emprego impulsiona retomada, mas cenário exige cautela
Para Leonardo Costa, economista do ASA, os dados de abril mostram que o mercado de trabalho voltou a exercer papel relevante na sustentação da atividade doméstica nos primeiros meses de 2025. Segundo ele, apesar da volatilidade registrada nos meses anteriores — com um desempenho mais fraco em fevereiro e março — o saldo robusto do Caged em abril indica uma reaceleração pontual da geração de empregos no curto prazo.
“O resultado mostra que ainda há fôlego no mercado de trabalho, a média móvel de três meses em 186 mil vagas é o maior nível desde maio do ano passado, o que sinaliza uma retomada significativa após um período de perda de tração”, afirmou.
Ainda assim, Costa destaca que há sinais de que a atividade econômica deve perder força nos próximos meses. “A tendência para o restante de 2025 é de desaceleração gradual, com o emprego acompanhando esse movimento”, concluiu.
Alta no emprego preocupa pela falta de produtividade, avalia economista
Para Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, o bom desempenho do mercado de trabalho em abril, embora positivo do ponto de vista da atividade, levanta preocupações em relação à política monetária. “A criação de vagas ficou muito próxima da projeção da Austin que era de 267 mil, puxada principalmente por um resultado melhor do que o esperado no comércio e por uma performance acima da média histórica na construção civil. Ainda assim, esse movimento ocorre em um ambiente de juros elevados e inflação pressionada”, observou.
Agostini destaca que o problema central está na falta de ganho de produtividade, o que pode transformar o aumento do emprego em pressão inflacionária. “O governo tem estimulado a atividade com crédito, liberação de recursos e incentivos fiscais, buscando crescimento e aprovação popular, mas isso acaba elevando a inflação. Sem investimento estrutural, o emprego cresce sem ganho real de eficiência, obrigando o Banco Central a manter os juros altos por mais tempo para conter o avanço dos preços”, afirmou.
Para maio, a Austin projeta um saldo positivo de 74.207 vagas, com o setor de serviços sustentando a geração de empregos, enquanto o comércio deve apresentar desempenho negativo, com retração estimada em 11.718 postos.