O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve registrar um crescimento expressivo no primeiro trimestre de 2025, impulsionado principalmente pelo setor agropecuário e pela reativação da economia doméstica. A avaliação é de economistas ouvidos pela BM&C News, que apontam uma abertura de ano mais forte após uma desaceleração observada no fim de 2024.
Leonardo Costa, economista do ASA, projeta uma alta de 1,5% na margem, com ajuste sazonal, e avanço de 3,0% na comparação com o mesmo período do ano anterior. O destaque fica com o agronegócio, favorecido por uma supersafra e por condições climáticas mais favoráveis.
“O setor agropecuário foi o motor da retomada, revertendo o desempenho mais fraco do ano passado”, disse Costa. “Além disso, vimos recuperação nas vendas do varejo, na produção industrial e no mercado de trabalho, o que sustentou o consumo das famílias.”
Apesar desse início promissor, Costa alerta que os efeitos da política monetária contracionista ainda devem aparecer nos próximos trimestres. “A tendência é que essa força inicial perca intensidade ao longo do ano.”
PIB no radar: impulso inicial não garante ritmo sustentado, diz Alex André
Para o economista Alex André, o crescimento do PIB no primeiro trimestre deve ficar entre 1% e 1,8% em relação ao trimestre anterior. Ele também atribui o bom desempenho ao setor agropecuário, especialmente após um 2024 mais fraco.
“O IBC-Br do Banco Central e o Monitor do PIB da FGV apontam para essa aceleração pontual”, disse. No entanto, ele pondera que a taxa Selic em 14,75% ao ano e um ambiente externo mais instável devem limitar os próximos trimestres. “A combinação de juros altos com incertezas geopolíticas e riscos de desaceleração global tende a frear a atividade econômica.”
Agronegócio mantém protagonismo e pode sustentar PIB
O sócio-diretor da Pine Agronegócios, Alê Delara, reforça o papel estrutural do agronegócio como sustentáculo do PIB brasileiro em 2025. “Tivemos uma safra recorde de soja, com 170 milhões de toneladas, e devemos exportar cerca de 105 milhões”, afirma. A produção de milho também deve se manter próxima ao recorde de 2023, com demanda aquecida por etanol.
Delara também destaca o bom desempenho de outras commodities agrícolas. “O algodão, o açúcar e o café vêm em alta, assim como as exportações de carne bovina, mesmo com os impactos da gripe aviária. O complexo soja — farelo e óleo — continuará puxando a balança comercial.”
Mesmo com o otimismo no campo, especialistas seguem cautelosos quanto ao cenário geral. O consenso é de que a força do início de ano deve ceder frente ao aperto monetário e aos ventos externos contrários.












