Com o mercado atento aos próximos dados econômicos dos Estados Unidos, os indicadores de inflação e PIB, previstos para esta semana, devem reforçar a visão de estabilidade do Federal Reserve, Fed, segundo análise do economista Bruno Corano. Para ele, o cenário atual ainda não sugere mudanças na política monetária americana — mas os próximos meses podem trazer sinais mais desafiadores.
“Os dados vêm com oscilações muito sutis. Inflação e desemprego têm flutuado dentro de um certo controle, o que mantém o Fed confortável em manter os juros onde estão”, afirmou Corano em entrevista à BM&C News.
Apesar da estabilidade momentânea, o economista alerta para distorções na forma como a inflação é medida e para os impactos futuros da recente instabilidade nas cadeias de suprimentos, causada por novas tarifas — o que pode gerar novas preocupações para o Fed.
Fed ainda não sente efeitos das tarifas, mas consumo já reage
Na avaliação de Corano, o impacto das tarifas impostas sobre produtos chineses ainda não se reflete diretamente nos índices de inflação e desemprego. No entanto, os efeitos indiretos começam a ser percebidos no consumo e na cadeia de abastecimento.
“Alguns embarques da China foram paralisados e empresas já relatam risco de desabastecimento. Isso reduz a disponibilidade e afeta o consumo”, destacou. “Em alguns meses, podemos ver sinais mais claros — e aí o desafio aumenta: risco de inflação com aumento do desemprego é o cenário mais desconfortável para o Fed.”
Embora admita que fazer previsões numéricas para os indicadores seria “pedir para passar vergonha”, Corano acredita que os dados que serão divulgados nesta semana não trarão grandes variações ou surpresas para o mercado — nem exigirão reação imediata do Fed.
Fed deve seguir estável, mas cenário exige atenção
Com os indicadores ainda sob controle e os efeitos das tarifas apenas começando a aparecer, a leitura predominante entre analistas é de continuidade na política monetária atual do Fed.
“Não acredito que venha nenhum dado que mude a percepção do mercado ou do Fed neste momento”, concluiu o economista.
O foco dos investidores, portanto, segue no acompanhamento atento de sinais futuros, com atenção redobrada para o impacto das tensões comerciais e seus possíveis desdobramentos sobre o caminho que o Fed poderá adotar nos próximos meses.
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