As ações das principais empresas do setor de educação recuam nesta terça-feira (20), refletindo a reação do mercado ao novo marco regulatório do Ensino a Distância (EAD), anunciado na segunda-feira (19) pelo governo federal. O decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva proíbe cursos 100% online nas áreas de saúde e licenciaturas, como pedagogia. A medida afeta diretamente o modelo de negócio de grupos com forte presença no ensino remoto.
Segundo o Citi, o impacto pode ser significativo nos lucros das companhias, principalmente aquelas com maior exposição a cursos como enfermagem, saúde e pedagogia. “Essas áreas enfrentam obstáculos maiores de adaptação”, destacou o banco, citando Cogna, Yduqs e Ser Educacional como as mais afetadas.
A avaliação é compartilhada por analistas da Essentia Consulting, que apontam que cerca de 35% das receitas da Yduqs e quase 25% da Cogna vêm de cursos EAD — percentual que exige uma reestruturação operacional de grande porte. Já a Ser Educacional, embora com menor exposição, também oferta cursos nas áreas que foram mais restringidas.
Além disso, o BTG Pactual ressalta que o setor já enfrenta dificuldade em repassar inflação às mensalidades, e que o novo marco exigirá mais professores e estrutura física, elevando os custos fixos das instituições.
Para Acílio Marinello, fundador da Essentia, empresas com maior capacidade instalada para atender presencialmente, como Ânima e parte da Cruzeiro do Sul Educacional, saem em vantagem. “Essas instituições já possuem infraestrutura pronta para atender à nova exigência de 20% de aulas presenciais nos cursos EAD, o que reduz a necessidade de investimento adicional”, afirma.
No mercado financeiro, a percepção é de que o aumento de custos operacionais e a possível evasão de alunos em regiões sem polos presenciais devem reduzir a atratividade de cursos de baixo custo — hoje em torno de R$ 200 — e pressionar as margens das empresas nos próximos trimestres.
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