Durante sua recente visita ao Oriente Médio, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, firmou um novo acordo estratégico com os Emirados Árabes Unidos voltado ao setor de tecnologia — mais especificamente ao desenvolvimento e fornecimento de chips avançados de inteligência artificial (IA). A iniciativa coloca novamente o tema de IA no centro do radar de investidores e reforça o protagonismo dos EUA no cenário global de tecnologia.
Segundo William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, o anúncio teve impacto direto no humor do mercado financeiro internacional, principalmente por envolver gigantes como Nvidia e AMD, que foram citadas entre os principais vetores de parceria e investimento.
“A viagem do Trump às Arábias ajudou o sentimento dos mercados. Além de acordos estratégicos com empresas de tecnologia, houve também movimentações ligadas à compra de aeronaves e articulações com países que têm capacidade de investimento e interesse em aplicar recursos nos Estados Unidos”, explicou Alves à BM&C News.
S&P 500 e Nasdaq reagem positivamente às sinalizações
Na semana em que o anúncio ocorreu, os índices S&P 500 e Nasdaq conseguiram reverter perdas acumuladas em 2025, refletindo a melhora no sentimento dos investidores. O otimismo foi alimentado tanto pelas sinalizações da viagem de Trump quanto pela divulgação de dados macroeconômicos positivos, como a inflação abaixo do esperado e o fortalecimento do sentimento do consumidor.
“O sentimento é de que a América vai continuar crescendo, que a produtividade segue firme e que a confiança no dólar persiste”, destacou William Alves.
Esse novo ciclo de confiança também afasta, ao menos momentaneamente, cenários mais extremos como recessão ou desvalorização severa do dólar, que vinham preocupando analistas no início do ano.
IA, petróleo e geopolítica: o tabuleiro se amplia
Além da tecnologia, o acordo entre Estados Unidos e Emirados Árabes Unidos tem um componente geopolítico e energético relevante. Enquanto os países árabes buscam estreitar laços comerciais e tecnológicos com Washington, os EUA também demonstram interesse em garantir acesso a petróleo mais barato — especialmente em um contexto de guerra tarifária e pressões inflacionárias globais.
Essa convergência de interesses torna o acordo não apenas uma aliança comercial, mas também uma jogada estratégica de longo prazo, que pode influenciar diretamente os rumos da inflação, da produtividade e da segurança energética americana.
IA como motor da produtividade americana
Para Alves, o mercado volta a falar com mais convicção sobre o chamado “excepcionalismo americano”, termo usado para se referir ao diferencial competitivo dos Estados Unidos frente ao restante do mundo. Com os investimentos em chips de IA, a expectativa é que os EUA mantenham sua liderança no desenvolvimento de soluções que aumentam eficiência, automação e competitividade global.
“Esse tipo de iniciativa reforça que a inteligência artificial será, sim, um dos motores da produtividade americana no futuro próximo. E os mercados estão começando a precificar isso”, conclui.