O BTG Pactual segue avançando de forma estratégica no mercado de gestão de fortunas. Após a recente aquisição das operações de Júlio Berra, o banco anunciou a compra da JGP, tradicional gestora de recursos no Brasil. Segundo o economista Alex André, em entrevista à BM&C News, o movimento fortalece ainda mais a posição do BTG no segmento de private banking, que agora ultrapassa R$ 120 bilhões em ativos sob gestão.
“O BTG está aproveitando o momento de vacas magras do mercado para se consolidar. Muitas assets e consultorias estão enfrentando dificuldades para captar recursos e reter clientes, e os grandes bancos estão absorvendo essas estruturas”, destacou Alex. Ele explicou que a JGP, embora respeitada, não fazia mais parte do core estratégico, o que facilitou a negociação.
Profissionais e sinergias no centro do desafio
A operação envolve não apenas a aquisição dos ativos, mas também a incorporação dos principais executivos da JGP ao BTG, com contratos de longo prazo. No entanto, Alex alerta que o verdadeiro desafio está na integração das operações. “A sinergia não está garantida só pela aquisição. O sucesso vai depender da retenção de talentos e da harmonia entre os sócios”, afirmou.
Para o economista, as consultorias e escritórios de investimento menores devem ficar atentos a essa tendência de consolidação. “O diferencial dessas casas é o relacionamento com o cliente. Quem perder profissionais estratégicos corre o risco de desaparecer.”
Mudanças tributárias e nova lógica de alocação
A entrevista também abordou os impactos da mudança nas regras para fundos exclusivos e a tendência de internacionalização de patrimônio. Com alterações nas normas da Receita Federal, investidores qualificados têm buscado outras alternativas de alocação, muitas delas fora do país.
“O movimento de enviar recursos para o exterior veio para ficar. O próprio BTG tem reforçado sua presença internacional com escritórios em Miami, Nova York e Luxemburgo”, explicou Alex. Segundo ele, a diversificação está acessível a mais perfis de investidores, mas os maiores benefícios continuam restritos a um público de alta renda.
BTG adota modelo oportunista e segue expandindo
Apesar da internacionalização, o foco do BTG segue sendo o mercado latino-americano. “O banco continua muito ativo no Brasil e na América Latina. Lá fora, atua de forma oportunista, aproveitando boas condições de preço e consolidação”, disse Alex. Ele destacou que o BTG tem se reinventado ao longo do tempo, saindo de um modelo tradicional de investment banking para se tornar o maior banco de investimentos da América Latina.