O grande destaque do mercado financeiro hoje foi a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que elevou a taxa Selic para 14,25% ao ano. O documento confirmou o que o mercado já suspeitava: o Banco Central ainda vê espaço para novos aumentos nos juros, mas agora em um ritmo menos agressivo.
A perspectiva de um ciclo de alta menos intenso animou os investidores. A leitura é de que o fim do aperto monetário pode estar próximo, o que tende a beneficiar o mercado de ações, já que juros mais baixos favorecem ativos de risco.
“O principal dado da ata do Copom é que os próximos aumentos serão menores. Isso é muito positivo para o mercado acionário”, avaliou Flávio Conde, Head de Renda Variável da Levante Investimentos, durante participação no Flash News da BM&C.
Dólar recua e juros futuros caem
O dólar reagiu imediatamente à ata, recuando de R$ 5,74 para R$ 5,68, enquanto os juros futuros também apresentaram queda em todos os vértices.
“A ata do Copom, somada à queda do dólar, está puxando para baixo os juros futuros. Isso melhora a atratividade da Bolsa”, explicou Conde. “Quando o dólar cai, há menor pressão inflacionária, o que reduz a necessidade de juros altos no futuro.”
Ibovespa opera em alta e retoma os 132 mil pontos
Com esse cenário mais favorável, o Ibovespa subiu ao longo do dia, retomando o patamar dos 132 mil pontos. O movimento foi sustentado não apenas pelo alívio nos juros e câmbio, mas também pela valorização das commodities, como o petróleo e o minério de ferro, que puxaram as ações da Petrobras e da Vale.
“Hoje a Bolsa tem vários ingredientes para subir: dólar caindo, juros recuando e commodities em alta. Isso é positivo para o resultado das empresas e, consequentemente, para as ações”, reforçou Flávio Conde.
Julgamento de Bolsonaro no STF tem impacto limitado
No campo político, os holofotes se voltaram para o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), que começou a analisar se aceita a denúncia da PGR sobre tentativa de golpe em 2022. Bolsonaro surpreendeu ao comparecer pessoalmente ao plenário.
Apesar da relevância institucional, o evento teve impacto limitado no mercado nesta terça.
“Não faz preço hoje. A maioria já espera que ele seja condenado. Não houve surpresa com o STF aceitando a denúncia da PGR”, afirmou Flávio.
Contudo, analistas seguem atentos à possibilidade de instabilidade política à medida que nos aproximamos do ano eleitoral de 2026.
O mantra da semana: “Bolsa em alta”
Para os investidores, o momento é de cautela, mas com viés positivo. A expectativa de uma política monetária menos agressiva, somada a um ambiente externo estável e melhora nos preços das commodities, cria um cenário mais construtivo para os ativos de risco.
“O mantra do investidor essa semana é: Bolsa em alta. Dólar caindo e juros recuando são favoráveis para a economia, o lucro das empresas e, claro, o preço das ações”, concluiu Conde
