A J&F Investimentos, holding controladora da JBS (JBSS3), firmou um acordo estratégico com o BNDESPar, seu maior acionista minoritário, removendo um dos principais entraves para a aguardada listagem da empresa nos Estados Unidos. O acerto garante que o banco estatal não votará contra a operação, facilitando o caminho para a JBS ingressar no mercado americano até o final de 2026.
Acordo reforça confiança na listagem dual
O BNDESPar, que detém 20,8% da JBS, terá direito a uma remuneração futura, protegendo-se parcialmente caso os papéis da empresa não se valorizem dentro de um patamar estabelecido — ainda não divulgado. Esse desfecho fortalece a tese de que a JBS está determinada a buscar a dupla listagem, o que pode destravar um significativo potencial de valorização das ações.
Para Marco Saravalle, CIO da MSX Invest, o acordo remove um obstáculo importante para a listagem dual e indica um movimento estratégico bem calculado.
“A governança da BNDESPar poderia dificultar a manutenção de grandes participações em empresas sediadas fora do Brasil. Esse anúncio reforça a confiança da J&F no processo de listagem, e o mercado ainda não precifica essa mudança. Por isso, há uma assimetria positiva para as ações da JBS.” No entanto, ele alerta para o prazo estendido até 2026, que pode sugerir incertezas sobre a execução em curto prazo.
Pressão vendedora do BNDES segue no radar
Apesar do avanço, o risco de venda futura da participação do BNDESPar na JBS ainda existe. O desinvestimento deve ocorrer independentemente da listagem dual, mas, segundo Saravalle, não é esperado no curto prazo, uma vez que os papéis da JBS ainda estão cerca de 15% abaixo do valor da última venda do BNDESPar.
Além disso, a listagem nos EUA pode reduzir o desconto atual das ações. Hoje, a JBS negocia a um múltiplo Preço/Lucro 46% inferior ao da sua principal concorrente americana, a Tyson Foods. Caso consiga se aproximar desse patamar, os analistas estimam um potencial de valorização de até 149%.
JBS como Top Pick da MSX Invest
A MSX Invest mantém a JBS como uma de suas principais apostas na Bolsa, destacando que a empresa pode atrair grandes fundos institucionais americanos, como Vanguard e BlackRock, além de ampliar seu acesso a um mercado de capitais mais profundo.
Segundo Saravalle, essa mudança pode resultar em maior liquidez e governança corporativa mais forte, tornando a JBS uma escolha atraente para investidores de longo prazo.
“A listagem nos EUA não só ajudará a reduzir o desconto de valuation da JBS, como também deve trazer um novo perfil de investidor, fortalecendo a tese de crescimento da companhia.”
Com o principal entrave removido, os próximos passos agora envolvem a aprovação da SEC (CVM americana), que será determinante para acelerar a listagem. Se concretizada dentro do prazo esperado, a operação pode marcar um dos movimentos mais importantes da JBS no mercado global.