O mercado financeiro brasileiro registrou um dia de leve alta nesta terça-feira, 18 de março de 2025, refletindo expectativas em torno da decisão do Federal Reserve sobre os juros nos Estados Unidos e a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) no Brasil. Enquanto o Ibovespa avançou 0,30%, fechando em 131.228 pontos, o dólar oscilou e encerrou com alta de 0,11%, cotado a R$ 5,68.
Ibovespa em alta, dólar oscilando
O principal índice da B3, o Ibovespa, operou com ganhos sustentados pelo desempenho das ações de bancos e petroleiras. O otimismo do mercado reflete a expectativa de decisões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil.
Já o dólar, que ontem caiu mais de 1%, atingindo o menor nível desde novembro de 2024, voltou a subir levemente nesta terça-feira. Segundo analistas, a volatilidade da moeda americana é influenciada pela expectativa sobre os juros nos EUA e pelo aumento da aversão ao risco nos mercados globais.
De acordo com Pedro Menegon, economista-chefe da Menegon Capital, essa movimentação reflete um mercado ainda cauteloso.
“O que tem permeado a bolsa nos últimos períodos não é nem um pessimismo exagerado em relação ao Brasil, mas também não é otimismo. Existe uma grande nuvem de incerteza sobre os mercados globais, e a expectativa em torno das decisões de política monetária só aumenta essa volatilidade”, destacou.
Fed e Copom: expectativas do mercado
O grande destaque da semana no mercado financeiro é a chamada “super quarta”, que trará decisões importantes tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. O Federal Reserve deve definir sua política de juros, o que pode impactar diretamente os mercados emergentes.
No Brasil, o Copom se reúne para decidir sobre a taxa Selic, atualmente em 13,25% ao ano. O mercado já precifica uma elevação de 1 ponto percentual, levando a taxa para 14,25% ao ano.
Segundo Menegon, o mercado já espera essa alta e ela pode já estar precificada nos ativos:
“Se olharmos o Boletim Focus, a taxa-alvo para 2025 já está sendo projetada em 15% ao ano, com alguns analistas apontando até 16%. Esse cenário mantém as small caps e outras ações ligadas à economia doméstica pressionadas”, explicou.
Além disso, o governo enviou ao Congresso um projeto de lei que amplia a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais, medida com impacto fiscal estimado em R$ 27 bilhões. O mercado monitora os desdobramentos dessa proposta e seus efeitos nas contas públicas.
Cenário geopolítico e volatilidade global
A escalada dos conflitos na Faixa de Gaza, que já resultou em mais de 400 mortes, aumentou a aversão ao risco, afetando os mercados internacionais. A instabilidade geopolítica impulsionou a alta do petróleo, beneficiando as ações das petroleiras.
“Uma semana atrás, falávamos em possível paz no Oriente Médio. Hoje, já temos novos ataques e centenas de vítimas. Esse cenário reforça a incerteza global e afeta os fluxos de capital para mercados emergentes”, analisou Menegon.
Destaques no Ibovespa: JBS, Yduqs e Embraer
O dia também foi movimentado no setor corporativo, com notícias que impactaram empresas listadas na B3:
- JBS (JBSS3): disparou 14% após o anúncio do acordo entre a J&F Investimentos e a BNDESPar, que viabiliza a listagem dupla da JBS no Brasil e nos Estados Unidos. Para Menegon, essa movimentação pode ser altamente benéfica para a empresa: “A listagem nos EUA pode incluir a JBS em uma série de ETFs focados em proteínas animais, ampliando sua base de investidores e potencialmente dobrando seus múltiplos de valuation.”
- Yduqs (YDUQ3): registrou lucro líquido de R$ 13,8 milhões no quarto trimestre de 2024, revertendo prejuízos anteriores.
- Embraer (EMBR3): anunciou um programa de recompra de até 1,06 milhão de ações, estratégia voltada para a valorização dos papéis no mercado.
Commodities: petróleo sobe, minério cai
O petróleo fechou em alta, impulsionado pela instabilidade no Oriente Médio, enquanto o minério de ferro recuou, pressionado por sinais de enfraquecimento do setor imobiliário na China. A queda no preço do minério afetou diretamente as ações da Vale (VALE3).
Um mercado atento à “super quarta”
O Ibovespa operou com leve alta nesta terça-feira, mas segue em estado de atenção para as decisões econômicas que serão anunciadas na super quarta.
Segundo Pedro Menegon, o cenário atual exige cautela dos investidores:
“O mercado está em uma zona cinzenta. Há muita incerteza global e fiscal, e enquanto isso não for resolvido, os investidores devem continuar seletivos em suas estratégias”, concluiu.