O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou, nesta quarta-feira (29), um novo aumento da taxa Selic para 13,25% ao ano, reforçando o compromisso com o combate à inflação. A decisão foi unânime e já era amplamente esperada pelo mercado. O tom hawkish da comunicação oficial se manteve firme, com o comitê sinalizando mais um aumento de 1 ponto percentual na próxima reunião, em março, o que pode levar a Selic a 14,25% ao ano.
No entanto, o Banco Central evitou traçar um plano para os meses seguintes, deixando o ciclo de aperto monetário em aberto. No comunicado, o Copom destacou que a magnitude total dos ajustes dependerá da evolução da inflação e das condições econômicas, mantendo a flexibilidade sobre futuros movimentos.
O que dizem os especialistas?
A decisão do Copom confirmou as expectativas do mercado, mas a falta de uma sinalização clara para os meses seguintes gerou interpretações divididas entre os analistas.
- Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos:
“O Copom adotou a postura correta ao deixar a decisão aberta após março, sem definir o tamanho total do ciclo de alta. Isso mantém a comunicação firme sem cravar um caminho exato. A inflação segue pressionada tanto pelo cenário interno quanto pelo externo, com destaque para o impacto da eleição de Donald Trump nos EUA e o pacote fiscal do governo brasileiro. O Banco Central está ganhando tempo e essa é a melhor estratégia neste momento.” - André Matos, CEO da MA7 Negócios:
“A elevação da Selic para 13,25% reflete o compromisso do Banco Central em controlar a inflação, que continua acima da meta. No entanto, o custo do crédito mais alto pode impactar o crescimento econômico. Agora, o mercado se divide sobre o tamanho do próximo ciclo de alta, que pode levar a Selic para 14,25% em março.” - Pedro Ros, CEO da Referência Capital:
“A primeira decisão de Gabriel Galípolo à frente do Banco Central terá impactos relevantes. A alta dos juros pode segurar a inflação, mas também desacelerar a economia. Por outro lado, o aumento da Selic torna o Brasil mais atraente para investidores estrangeiros, o que pode fortalecer o real e reduzir a pressão sobre o dólar. A decisão do Fed de manter os juros nos EUA também favorece o Brasil, ampliando o diferencial de juros e potencialmente atraindo mais capital.”
Perspectivas para a taxa Selic
O mercado já vinha ajustando suas projeções para os juros e, no Boletim Focus, as expectativas para a Selic nos próximos anos foram revisadas para cima:
- 2025: Mantida em 15,00%
- 2026: Revisada de 12,25% para 12,50%
- 2027: Revisada de 10,25% para 10,30%
A próxima reunião do Copom será em março, quando a Selic poderá atingir 14,25% ao ano.