A crescente popularidade de medicamentos como Ozempic e Wegovy, utilizados no tratamento de diabete tipo 2 e obesidade, tem gerado debate sobre a necessidade de maior controle em sua comercialização. Apesar de serem classificados como produtos de tarja vermelha, o que exige prescrição médica, a aquisição destes fármacos muitas vezes ocorre com poucas barreiras, gerando preocupação entre especialistas e autoridades de saúde.
No Brasil, a legislação atual determina que medicamentos que requerem prescrição devem ser vendidos somente após apresentação e análise da receita. No entanto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está avaliando medidas para fortalecer a fiscalização sobre esses produtos, considerando evidências de que a compra sem a devida exigência vem ocorrendo tanto em farmácias físicas quanto por meio de aplicativos, em desacordo com regulamentações estabelecidas.
Quais Medidas Estão em Discussão para Fortalecer o Controle?
A Anvisa estuda a possibilidade de reclassificar medicamentos agonistas do GLP-1, como o Ozempic, para passarem a exigir não apenas prescrição médica, mas também a retenção da receita no ponto de venda. Esta iniciativa visa criar um controle mais rigoroso semelhante ao dos antibióticos, que já exige esse tipo de medida. O objetivo é garantir que o uso desses medicamentos seja feito de maneira segura e conforme as condições médicas apropriadas.
Em uma audiência pública recente, a proposta foi amplamente debatida e entidades setoriais discutiram a importância de atualizar a regulamentação. Os participantes incluem parlamentares e representantes da Anvisa, que destacaram a relevância de endurecer as regras para evitar o uso indiscriminado e possíveis consequências adversas para os pacientes.
Os Desafios Econômicos e de Saúde Envolvidos
Os fármacos análogos ao GLP-1, além do impacto direto na saúde dos usuários, são também um importante segmento econômico. Em 2024, as vendas desses produtos movimentaram mais de 4 bilhões de reais no Brasil. Esse valor reflete tanto o aumento na demanda quanto o número significativo de unidades vendidas, uma tendência que não passou despercebida pelas agências de saúde.
- As vendas exclusivamente de Ozempic superaram 3 milhões de unidades neste ano.
- O uso indevido para finalidades estéticas tem sido uma questão crescente, com potenciais implicações para a saúde pública.
Qual o Impacto do Uso Imprudente desses Medicamentos?

O uso inadequado de medicamentos como o Ozempic, especialmente para fins estéticos, tem levantado preocupações entre profissionais de saúde. Segundo especialistas, a automedicação para emagrecimento pode culminar em efeitos adversos, incluindo a pancreatite. Este cenário se agrava quando a busca por perda de peso está dissociada de necessidades médicas justificáveis, representando um risco significante à saúde dos indivíduos que empregam esses tratamentos de maneira inadequada.
Promover a conscientização sobre os riscos e a necessidade de um uso criterioso e supervisionado é fundamental para coibir práticas que ameacem o bem-estar dos consumidores. A educação e a regulamentação mais rigorosa podem ser aliadas no manejo seguro e responsável desses fármacos.
Perspectivas para o Controle Regulatórios dos Medicamentos
Com a evolução das discussões sobre a regulação dos medicamentos análogos ao GLP-1, espera-se que as novas medidas propostas incentivem um uso mais consciente e controlado. As decisões em torno desses temas continuarão a ser pautadas por dados de segurança e eficácia, com o intuito de prevenir riscos para a população e garantir que os medicamentos sejam devidamente utilizados para as condições de saúde a que se destinam.
O debate em torno desse tema segue em curso, com representantes da saúde pública e legisladores determinando o melhor caminho para proteger os consumidores sem comprometer o acesso aos tratamentos inovadores de que muitos dependem para sua saúde.