De maneira geral, com as novas regras adotadas no final do ano passado aos BDRs (Brazilian Depositary Receipt), que são recibos de ações listadas no exterior, ocasionou em um grande interesse dos investidores nesses papéis. Anteriormente, somente investidores qualificados, ou seja, que detêm mais de R$ 1 milhão em investimentos, poderiam investir. Agora, os BDRs estão disponíveis para todos os investidores.
Desse modo, os investimentos em BDRs se tornaram mais atrativos neste ano, sobretudo, pelo aumento de sua liquidez, destaca Carlos Cardoso, Portfolio Manager na BRDR Asset. “Boa parte das BDR´s possuem formadores de mercado, o que facilita qualquer investidor a negociar no mercado. Em geral, eles possuem uma boa liquidez, para todos os tamanhos de investidores, inclusive os institucionais”.
Um fato relevante neste movimento de investimentos, é que a Bolsa de Valores busca, como infraestrutura de mercado, ampliar o portfólio com opções de investimentos, expondo na Europa, Estados Unidos e Ásia, para além das opções de recibos de ações existentes no mercado hoje.
Via de regra, Cardoso pontuou que os investidores mais conservadores costumam demonstrar mais interesse para este tipo de investimento, isso porque, na teoria, investir em BDR, é uma maneira de reduzir seu risco e diversificar melhor seu portfólio. Contudo, por ser uma nova opção no mercado no país, acaba que os BDRs se tornam alvo dos investidores mais sofisticados e com maior disposição ao risco.
Ponto sensível dos BDRs
Uma fragilidade do investimento em recibos de ações listadas no exterior, apontado por Carlos Cardoso, é principalmente, a cotação do dólar, seja para o bem ou para o mal. Desde a chegada do Covid-19, o real registrou uma desvalorização expressiva, e no ponto de vista do gestor, há uma assimetria mais favorável para o real no momento, o que poderia de certa forma, prejudicar a performance dos BDR´s.
Além disso, outro ponto de sensibilidade dos BDRs, é a tributação, em que não existe isenção das ações até o limite de R$ 20 mil em vendas mensais ao todo. Tendo em vista, que assim como os outros investimentos, os BDRs pagam impostos, de acordo com a lei tributária do país de origem do investimento, e caso o investidor não pague, terá que ser pago no Brasil, isso porque, os dividendos são vistos como rendimentos vindos do exterior. Logo, haverá a aplicação da tabela progressiva de Imposto de Renda pessoa física, com a alíquota máxima de 27,5%.
Destaques de 2021
Em razão da pandemia, os BDRs voltados ao setor da saúde se destacaram este ano. Sendo assim, Cardoso apontou a BioNTech (B1NT34) e a Moderna (M1RN34), como as que mais renderam, uma vez que, esses laboratórios desenvolveram e produziram duas das principais vacinas administradas no mundo todo. No entanto, um ponto relevante dessas companhias é a dúvida quanto à capacidade de manter os resultados dos últimos dois anos.
Outra empresa que chamou a atenção dos investidores e de Carlos Cardoso, foi a Ford (FDMO34), que na sua visão, se deve principalmente, à nova política que a empresa adotou, em que até 2030 irá produzir apenas carros elétricos.
Por fim, o gestor destacou a Nvidia (NVDC34), uma companhia que desenvolve unidades de processamento gráfico, utilizadas em computadores, automóveis etc. Portanto, Cardoso acredita que a empresa irá manter a performance, ainda mais com o desenvolvimento do metaverso.
De olho em 2022
Levando em consideração, o cenário inflacionário no mundo todo, além de, uma retirada parcial de estímulos monetários, destacado por Cardoso, a melhor alternativa é buscar empresas resilientes e que tenham histórico de geração de caixa.
Nesse sentido, o gestor recomenda empresas como, Visa (VISA34), Berkshire Hathaway (BERK34), Amazon (AMZO34), Walt Disney (DISB34) e Nvidia (NVDC34).